C 16 - DE TRAPEZISTA A ANDARILHO (Dez anos numa montanha)
C 16 - DE TRAPEZISTA A ANDARILHO (Dez anos numa montanha)
01 Do rio e da cachoeira
Tenho lembrança infinda
Porém do passado triste
A dor me maltrata ainda
Na tela da minha vida
É um filme que não finda!
02 As mudanças ocorriam
Ainda na projeção
A luz e a voz do menino
Me acirrava a atenção
Era como um martelar
Batendo em meu coração!
03 –Veja agora, ó peregrino
O que a luz vai revelar
Pois numa nuvem escura
Sua alma irá entrar
Tal lembrança te fará
Seu cabelo arrepiar!
04 Fiquei mui impressionado
Quando o quadro apareceu
Nele vi um inimigo
Numa sombra que cresceu
Formando uma grande nuvem
Que o céu escureceu!
05 Na terra onde eu estava
Surgiu uma tentação
Me induziu a trabalhar
Numa circo de distração
Indisplicente eu segui
Pegado em sua mão!
06 Vi naquela claridade
Da projeção, na montanha
Quando na porta do circo
A tentação teve ganha
Minha entrada na arena
Como artista de façanha!
07 Ali, dentro do circo
Eu me vi desnorteado
Embora eu tivesse treino
No que eu tinha atuado
Num tempo em que eu fora
Um trapezista afamado!
08 Minha sorte estava escrita
Pois fatos aconteceram
Quando os artistas me viram
Pra cima me suspenderam
Tive que pegar as cordas
Que para mim estenderam
09 A tentação se gabava
De ali ter me levado
Seria um espetáculo
E não me fiz de rogado
Com tanta gente assistindo
Eu me vi paparicado!
10 Eu não contava, porém
Que iria ter progresso
Entretanto os meus atos
Deu ovação em excesso
Fui contratado no circo
Trapezista de sucesso!
11 Eu não contava, entretanto
Que toda glória de alguém
Sempre é paga com penas
Que sobre a pessoa vem
Assim entrei numa nuvem
Que tirou o meu harém!
12 Tive anos de sucesso
Até mudar minha lida
Deixei a vida circense
E passei ter outra vida
Como andante peregrino
Tendo a sorte corrompida!