A DOMÈSTICA E O PATRÃO
A DOMÉSTICA E O PATRÃO
(autora Tônha Mota)
I
Eu estou fazendo agora,
Uma reinvindicação
Fui empregada doméstica,
Tive patroa e patrão
Levo uma vida modesta,
Tenho outra profissão.
II
Já são mais de seis milhões,
De domésticos trabalhadores
Do outro lado os patrões
São eles os pagadores,
Com suas reclamações,
Reclamando dos valores.
III
Sempre estão se queixando,
Da despesa que aumenta
Dos encargos trabalhistas,
Que todo governo inventa
E a jornada puxada,
Só a doméstica que aguenta.
IV
Minha patroa era boa,
Eu não posso me queixar
Tudo que eu podia fiz,
Ela faz pra me ajudar
Continuamos amigas,
Jamais iremos brigar.
V
Eu era a cozinheira,
Fazia bolo e pudim
Tinha o meu privilégio,
E não fui doméstica ruim
Só não frequentei colégio,
Porque tinha o jantarzim.
VI
Eu não estou me queixando,
Isso tudo é passado
Para ninguém se enganar,
É bom deixar registrado
Porque á qualquer momento,
Alguém pode ser cobrado.
VIII
Quem é assalariado,
Não para de trabalhar
Trabalha feita formiga,
Sem hora pra terminar
Sem esquecer que o salário,
Mal dá pra se alimentar.
IX
Não quero esquecer as folgas,
Sei que vou incomodar
Tem umas modalidades,
Tá na hora de mudar
Quem trabalha a semana,
Um dia é pra descansar.
X
Uma Folga quinzenal,
Não podemos aceitar
Tá na constituição,
Você pode até cobrar
Chame a sua patroa
E sente pra conversar.
XI
Tem “patrão bem espertinho”
Ponha ele em seu lugar
Você é uma doméstica,
Tente se valorizar
Respeitando o ambiente,
Que você foi trabalhar.
XII
Seja uma boa doméstica,
Pra não desvalorizar
Essa classe que trabalha,
E tem muito que aguentar
Muito mais que uma jornada,
Até se aposentar.
XIII
Com a carteira assinada,
Comece a observar
Para ser assegurada,
E se vão depositar
A previdência social,
Pra você se aposentar.
XIV
Patrão tem muita despesa,
Muitos falam em descontar,
Oque se come na mesa
Eu não quero nem pensar
Não esqueça seus direitos,
Na hora de conversar.
XV
Hora extra sem pagar,
Uma falta de atenção
Trabalha-se pra ganhar,
Combine com seu patrão
Um dia pra descansar,
Não precisa confusão.
XVI
Eu defendo as duas classes,
A doméstica e a patronal
São todos filhos de Deus,
E pra ele é tudo igual
Com ele não Tem injustiça,
Nem disputa social.
XVII
Hoje em dia tá mudado,
Eu venho observando
Os direitos adquiridos,
Ainda estamos conquistando
Os que foram esquecidos,
Force a mente, vá lembrando.
XVIII
A doméstica hoje tem,
Bom convívio social
Os patrões lhe tratam bem,
Como um ser especial
Conviver em harmonia,
Isso sim é que é legal.
XIX
Temos tristezas passadas,
E alegria recente
Domésticas escravizadas,
Que envergonhavam a gente
Novelas televisadas,
Mostravam constantemente.
XX
Mas agora bem recente,
Temos a cheia de charme
Uma novela envolvente,
Que não faz nenhum alarme
Vai mostrando alegremente,
Vejam bem e se desarme.
XXI
Desarme seu coração,
Pra deixar de preconceito
Empregado e patrão,
Terão o mesmo direito
No tribunal de Jesus,
Deus é mais que perfeito.
XXII
Sempre tive confiança,
Trabalho e muita atenção
Sempre terá liderança,
Empregado e patrão
Avante com esperança
E amor no coração.
XXII
Eu sempre tive patrão,
Era empregada doméstica
Eu honrei a profissão
E sempre fui muito eclética,
Fazia composição,
Era uma mulher frenética.
XXIII
Não deixei de ser doméstica,
Por querer ou vaidade
Simplesmente precisei,
Foi outra necessidade
Foi pra cuidar da mamãe,
Muito idosa na verdade.
XXIV
Agora sou cordelista,
E faço composição
Também sou radialista,
Isso é comunicação
Mas tenho outra conquista
Eu canto com emoção.
XXV
Depois de várias Conquista,
Publiquei vários cordéis
E como uma cordelista,
Já publiquei mais de dez
E tenho o nome na lista
Dos nomes dos menestréis.
XXVI
Doméstica pode sonhar,
Quando tiver trabalhando
Por isso que falo agora,
E continuo sonhando
Porque eu espero a hora,
De está realizando.
XXVII
Não fique você pensando,
Que sonhar é incompatível
Para todo que acredita,
Tudo lhe será possível
Se for a hora bendita,
Não existe o impossível.
XXVIII
Doméstica eu sempre fui
E um livro eu publiquei,
E eu nunca me imponho,
Não sei nada, mas pensei,
E como eu tinha um sonho,
Por isso realizei.
XXIX
Ser doméstica ninguém sabe,
Não foi fácil esse papel
Foi preciso ser honesta,
Ser humana e fiel
Tive uma vida modesta
Mas nunca fui infiel.
XXX
Está tudo no papel,
Os seus direitos legais
É preciso ser fiel,
Em tudo que agente faz
Agora é sopa no mel,
A doméstica tem cartaz.
XXXI
Aqui vou finalizar,
Não quero complicação
Também não posso negar,
O cordel pede atenção
Na hora de trabalhar,
Impossível não gostar
A doméstica e o patrão.
XXXII
A doméstica que sonhou,
Sem tirar os pés do chão
Aquele tempo passou,
Eu mudei de profissão
Mas a lembrança ficou,
Vou guardar com emoção.