Boa Vista - A cidade que nasceu de uma paixão

Minha gente preste atenção

Porque agora eu vou contar

Um pouco de nossa história

Nessa estrada secular

Que é para o povo saber

E depois de conhecer

Ajudar a preservar

Vou nesse breve resumo

Descrevendo umas passagens

Deixadas nas mãos do tempo

Como escultura em mensagens

Para registro da história

Posto que se faz memória

No meio dessa paisagem

Nossa cidade nasceu

De uma grande paixão

De Inácio de Magalhães

Respeitado Capitão

Pelo belo rio Branco

Nossas serras e os encantos

Que lhe encheram de emoção

Esse fato decorreu

No século dezenove

Mil oitocentos e trinta

- Como o passado se move!

Quando o bravo capitão

Rendeu-se e ao seu coração

Para as belezas do Norte

Inácio de Magalhães

Decidiu se radicar

No Vale do Rio Branco

Pra sua história traçar

E foi à margem do rio

Que o pioneiro bravio

Resolveu de vez morar

Ergueu ali residência

Uma bela construção

A primeira em alvenaria

De todas da região

Chamada de "Meu cantinho"

Um nome dado pro ninho

Pelo próprio Capitão

E olhando aquela beleza

O esplendor da Serra Grande

O Horizonte e o lavrado

A natureza marcante

Batizou sua conquista

De Fazenda Boa Vista

Com orgulho de gigante

Ele nunca imaginou

Que dali, daquele instante

Uma bela história nascia

E ia seguir sempre avante

Nos braços do alvorecer

Dia após dia a crescer

Num rumo muito adiante

A sua grande paixão

Foi virando povoado

Depois freguesia e Vila

- Município projetado!

Transformou-se em Capital

Das belezas sem igual

De Roraima, nosso Estado

Mas o passar de meus versos

São curtos como um piscar

Pois que de toda essa história

Há muito o que se contar

Portanto vou insistindo

Que aqui estou só resumindo

No meu sutil pincelar

E ali na beira do rio

Onde o tempo fez saudade

Mora nosso Centro histórico

- O coração da cidade!

Herança dessa paixão

Que o bravio capitão

Deixou pra sociedade

Mora a Igreja Matriz

O Meu Cantinho, a Intendência

A Praça Barreto Leite

Com toda sua excelência

E da família Brasil

A casa que resistiu

Mantendo bela aparência

O muro que enfeita a Orla

- Que bela balaustrada!

Na Floriano Peixoto

De cima a baixo bordada

Toda a área preservando

Como quem segue guardando

De toda joia a mais rara

A casa João vinte e três:

Internato de meninas

Que fora administrado

Por monjas beneditinas

Há muito desativado

Mas que deixou seu legado

Na cidade pequenina

Ali perto também mora

O nosso antigo hospital

E a escola São José

Primeiros na capital

A marcar engajamento

Pelo desenvolvimento

E o bem-estar social

Mora a Casa Bandeirante

E seu antigo galpão

O Bazar das novidades

De Said Salomão

E a casa das doze portas

Que sofreu muitas reformas

Desde sua construção

Nossa Casa da Cultura

(Prédio residencial

De muitos governadores)

Era a casa oficial!

De arquitetura tão bela

Quando Roraima ainda era

Território Federal

Também mora a Prelazia

Bela como no passado

De construção que irradia

E mais parece um retrato

E da família Brasil

O Casarão que vestiu

A história do nosso Estado

E agora que já contei

Como a cidade nasceu

E o que ficou para o povo

Depois que tudo se deu

Vou firmando minha partida

Mas antes da despedida

Deixo-lhe um pedido meu:

Preserve nossa cidade

Os prédios que resistiram

Nessa calçada do tempo

E que até hoje cintilam

Como prova da coragem

Daqueles que na passagem

Muitas coisas construíram

E ao nosso Centro histórico

Dedique sua atenção

Quando passar pelas ruas

Onde mora o coração

Dessa cidade bonita

Chamada de Boa Vista

Pelo jovem capitão.

- Fim -

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Bibliografia:

1) J.SANTOS, Adair. Roraima – História / Adair J. Santos, Boa Vista: Editora da UFRR, 2010. 2) Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura de Boa Vista - FETEC. Inventário do Patrimônio cultural de Boa Vista. B.Vista. 3) Sites: http://www.boavista-rr.com.br/turismo.php - http://pt.wikipedia.org/wiki/ Boa_ Vista_ (Roraima)

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DADOS: Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo - Floriano Peixoto s/n, Construída em 1909, Tomb. Prefeitura Municipal, 1990 / Prédio Meu Cantinho - Floriano Peixoto 22, Construído em 1830, Tomb. Prefeitura Municipal, 1993 / Intendência - Edifício atual faz menção ao antigo prédio, construído em 1890, demolido na década de 50. / Praça Barreto Leite - Desde o inicio da ocupação do centro, foi lugar onde se concentrou a maior parte das casas e comércios. / Casa da Petita Brasil - Barreto Leite 89, Construída em 1892, Tom. Prefeitura Municipal, 1993 / Muro do antigo mercado - Floriano Peixoto (da Casa Bandeirante à Praça Barreto Leite), Construído em 1940, Tomb. Prefeitura Municipal, 1993 / Casa João XXIII - Floriano Peixoto 402, Construída entre 1920 e 1922 / Hospital Nossa Senhora de Fátima - Bento Brasil e Inácio Magalhães, Construído em 1921 / Escola São José - Floriano Peixoto 251, Construído em 1924, Tomb. Prefeitura Municipal, 1990 / Casa Bandeirante - Jaime Brasil 71, Construída em 1898, Tomb. Prefeitura Municipal, 1993 / Depósito Bandeirante - Floriano Peixoto 234, Construído no século XX, Tomb. Prefeitura Municipal, 1993 / Loja Bazar das novidades - Bento Brasil 72, Construído em 1930, Tomb. Prefeitura Municipal, 1993 / Casa das 12 portas - Av Jaime Brasil 115, Tomb. Prefeitura Municipal, 1993 / Casa da Cultura Madre Leotávia Zoller - Jaime Brasil 273, Construída em 1940, Tomb. Governo Estadual, 1984 / Prédio da Prelazia - Bento Brasil s/n, Construída em 1909, Tomb. Prefeitura Municipal, 1990 / Casarão da família Brasil - Bento Brasil 42, Construída no início do século XX.