O quiproquó da formiga
Eu acho engraçado a formiga.
Ela é muito barulhenta.
Quando o dia à tarde esquenta,
Ela dá dô de barriga.
Aí ela vai e grita.
Parece gritá com alguém.
Que num sei o quê que tem.
Que tem isso e tem aquilo.
Acaba atraindo os grilo
Que vai gritano com ela
E vira aquela novela
Como um trem fora dos trilho.
Mas isso não fica assim.
Ainda tem a cigarra.
Essa aí intão agarra
Na gritaria sem fim.
Uma até falou pra mim:
- Eu grito eu num sei porquê.
Tomém num quero sabê,
Mais, s'eu num gritá, eu morro.
E dana a lati cachorro,
A cantá sapo na lagoa
Por causa da coisa à toa
D'uma formiga de nada
Que, inveis de ficá calada
Cum sua dô de barriga,
Inventô toda essa intriga
No meio da madrugada.