A ONÇA QUE PERDEU AS PINTAS.

Onçolina uma certa noite,
Acordou de um pesadelo,
Tudo porque se deparou,
Com algo não costumeiro,
Teve um sonho da pesada,
E não se lembrava de nada,
Ai entrou em desespero.

Acordou de boca seca,
Com uma sede lascada,
E saiu bem devagarzinho,
E a cabeça embaralhada,
Mas ficou louca varrida,
Ao poder ver refletida,
A sua imagem na água.

Deu um rosnado esquisito,
Que a floresta estremeceu,
Quase igual um trovão,
Tal foi o rosnado seu,
Que toda a bicharada,
Acordou alvoroçada,
Pra saber o que se deu.

Onçolina quando viu,
Sua imagem refletida,
Miava sem se cansar,
Dizendo estou perdida,
Sem saber o que fazer,
Começou a se maldizer,
Encolhendo-se deprimida.

Cadê as minhas pintas?
Começou se perguntar,
Não sei mais o que fazer,
Para essa coisa melhorar,
Com o semblante abatido,
Soltou um grande gemido,
Num lamento sem parar.

E sacudindo a cabeça,
Ficou muito preocupada,
Olhando pro seu estado,
Mas que desgraça pelada,
E quem é que vai ter medo,
As pintas são meu segredo,
Pra deles ser respeitada.

Nunca mais serei a mesma,
Se esse quadro não mudar,
Virou poço de lamentos,
Acabrunhada a chorar,
Foi então que a dita cuja,
Procurou doutora coruja,
Pra um remédio lhe passar.

Ajude-me dona coruja,
Posso está muito doente,
Pois deitei toda pintada,
E acordei toda diferente,
Disse a coruja me acredite,
Mas para essa despintite,
Tenho um remédio potente.

Então a Doutora coruja,
Deu pra onça ter melhora,
Algumas folhas de mato,
E disse olha aqui senhora,
Siga a risca essa receita,
Que as suas pintas pretas,
Irão voltar nesta hora.

Coma essas folhas todinha,
Depois comece a pular,
Espirre o quanto puder,
Pro remédio se espalhar,
Faça tudo direitinho,
Que o seu corpo todinho,
Bem pintado há de ficar.

Onçolina obedeceu,
O que a coruja falou,
Comeu depressa as folhas,
Que a coruja lhe receitou,
Pulou, pulou até cansar,
Espirrou pra se acabar,
Mas de nada adiantou.

Nenhuma pinta se quer,
Ao meu corpo retornou,
Triste e desanimada,
Pra coruja reclamou,
Essa toda embaraçada,
Não posso fazer mais nada,
Pra Onçolina afirmou.

Então a onça coitada,
Exausta ali se deitou,
Debaixo de uma árvore,
Que por ali encontrou,
Dizendo desconsolada,
Era uma vez onça pintada,
Ali sozinha resmungou.

Ao despertar Onçolina,
Da soneca que tirou,
Quase morre de enfarte,
Pelo susto que levou,
Por ver sua pele pelada,
Já está toda pintada,
Mui sorridente ficou.

Então toda a bicharada,
Estavam todos a lhe olhar,
Todos eles muito ansiosos,
Pra Onçolina despertar,
Você é novamente pintada,
Pois toda a bicharada,
Decidiu vir te ajudar.

Saiba que cada um de nós,
Decidimos colocar,
Um pouco de nossas pintas,
Pro seu astral melhorar,
Não fique desanimada,
Pois agora está pintada,
Levante vamos comemorar.

Sem saber o que dizer,
Vou acabar com o jejum,
Quero dar uma festona,
Não pode faltar nenhum,
Vamos festejar contentes,
Agora somos parentes,
Temos pintas em comum.

Cosme B Araujo.
16/11/2012.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 16/11/2012
Reeditado em 18/11/2012
Código do texto: T3988823
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.