Lázaro, amigo de Jesus

Para o que vou escrever

Peço a Deus o seu perdão

Não se trata de blasfêmia

Nem ofensa a um irmão

Mas lendo a Bíblia Sagrada

Ficou em mim entalada

Sem resposta, uma questão

Abri no livro de João

Fui ao versículo primeiro

Do Capítulo antes do doze

Li o onze por inteiro

E lá eu fiquei sabendo

Que mesmo um cabra fedendo

Voltou vivo por inteiro

Era Betânia o terreiro

De Lázaro, Marta e Maria

Por causa da morte dele

Toda a família sofria

Com o seu corpo guardado

Na Caverna, sepultado

Por três luas, já fedia.

Mas foi com certa alegria

Que Marta ouviu de Jesus

Que fosse chamar Maria

Da escuridão pra luz

Que ela demonstrasse fé

Pois pra Deus a morte é

Um sono que Ele reluz

À vida, Deus reconduz

Fedido um corpo enrolado

Do morto que levantou

Quando atendeu o chamado

Do prometido unigênito

Provando prá toda gente

Que era por Deus aprovado

Mas eu fiquei encucado

Com tudo que havia lido

Pois “cheirando” o corpo estava

De Lázaro que era tido

Fiel, amigo e sensato

Lhe fizeram este retrato

Por certo bem merecido

Se Lázaro havia morrido

E vida Jesus lhe deu

Eu não entendo o silêncio

Daquele que enviveceu

No inferno não passou

Por certo no Céu chegou

O que foi que aconteceu?

Amigo velho, pois eu

Com a família viajei

Matuto, fiquei feliz

Somente porque voei

Pra cidade de Gramado

Eu fiquei maravilhado

Na volta tudo contei

Parecia um chato, eu sei

Falando prá o mundo inteiro

Contando cada detalhe

Daquele recanto ordeiro

Das fábricas de chocolate

Do chimarrão, do chá-mate

Da arte do churrasqueiro

Sendo o fato verdadeiro

De tudo dito por mim

Quando chegar minha vez

Minha história tiver fim

Não me resta outra esperança

Na morte nada se alcança

Somente o ataúde enfim.