O tumô de Jorge Sales

Meu caro amigo, me escuita

O cabra quando batuta

Num deve di se avexá

Porque se ele é valente

Do tipo que faz repente

O inferno num é tão quente

Prá mode lhe aperriá

Atente pru que lhe digo

Se lembra de seus pecado?

Ocê deve de confessá

Com padre dos graduado

Numa engomada batina

Pois da cobrança divina

É raro se desviá

Na hora da anestesia

Carece de se cuidá

Pro home que bole a faca

No ato num se enganá

Se já é curto o pavio

Nem passa perto do fio

Que pode menor ficá.

Um movimento certeiro

Do jeito que causa afã

Ocê vai tá novo amanhã

Duma facada certeira

Que passe bem longe do ôvo!

É o que espera esse povo

Inté o tal Zé Limeira.

Se tua avó fez noventa

Muito bom para o sinhô

Mas o caso da Juvência

Juro que me assustô

Mas eu guardo a esperança

Que num deve sê criança

O mardito do tumô

Agente aguarda ancioso

O retorno do patrão

Depois dessa facadela

Na imprópria região

Eu me dispeço dotô

Torcendo presse tumô

Num ser nada meu irmão.