O PERFIL DE UM BOM POETA

Autor: Marciano Medeiros

Poeta não deve ser,

Portador de arrogância,

Pois este comportamento,

Só demonstra exorbitância,

De quem vive acomodado,

Na completa invigilância.

É terrível extravagância,

A lepra da falsidade,

Que vai minando o talento

Da maior capacidade,

Imaginem de algum besta,

Que tem muita vaidade!

Cada um tenha bondade,

Guardando no coração,

Um sentimento repleto

De ternura e gratidão,

Para poder evitar,

Pobreza na emoção.

Quem quiser ser Lampião

No reino da poesia,

Precisará ter renovo,

Educando a valentia,

Pois um poeta briguento,

Nunca terá serventia.

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Sinto bastante agonia,

Quando vejo incoerência,

De um poeta proferindo,

Palavras com prepotência,

Contaminando os tesouros,

Guardados na consciência.

Orgulho traz consequência,

Gerando padecimentos,

Quem despreza os companheiros,

Amanhã colhe lamentos,

Vertendo um rio de lágrimas,

Por causa de mil tormentos.

Perguntei nos pensamentos,

Querendo um dia entender,

Como alguém se diz poeta,

Mas vive só de ofender,

Os seus irmãos de trabalho,

Sem ninguém compreender?

Eu só queria poder,

Filosofar num instante,

Sobre os motivos do homem,

Ter soberba e ser pedante

E como pode um poeta,

Manter orgulho abundante?

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É segredo apavorante,

Que só psicologia,

Pode apontar um roteiro,

Para esta anomalia,

De quem pensa ser poeta,

Fazendo patifaria.

Existe demagogia

No coração presunçoso,

De quem só mostra humildade,

Em negócio vantajoso,

Sorrindo para quem pensa,

Ser rico e vitorioso.

Um poeta pabuloso,

Só gera constrangimento,

Pois além desta fraqueza,

Capricha no fingimento,

Ninguém sabe qual das duas,

Produz maior sofrimento.

Tem poeta peçonhento,

Profundamente intrigante,

Gerando muitas contendas,

Com fofoca extravagante,

Sempre espalhando mentiras,

Num roteiro itinerante.

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Outra coisa alucinante,

Reprovo com liberdade,

Quem divulga poesia,

Viver pensando em maldade,

Para atingir seus colegas,

Sem ter generosidade.

Poeta sem caridade,

Com jeito pretensioso,

Guardando na sua mente,

Um sentimento orgulhoso,

É coisa que faz do mundo,

Um teatro pavoroso.

Vira um ser bem monstruoso

De coração indigente,

Sendo espantalho sinistro,

Para assustar muita gente,

Que vai achar esquisito,

Um poeta prepotente.

Poderá ser competente,

Mas bota o talento fora,

Ninguém aguenta a chatice,

Fugindo com meia hora,

Da maldade do sujeito,

Que a todo mundo apavora.

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A cada dia piora,

Quem for poeta bossal,

Exportando preconceito,

Do sítio pra capital,

Vai sempre se exaltando,

Dizendo que é o tal.

Tem poeta agindo mal

E mantendo a alma fria,

Abre a porta e fecha a cara,

Fazendo descortesia,

Porém quando encontra um rico,

Diz cinco vezes bom dia.

Do pobre tem alergia,

Poeta bajulador,

Só gosta de potentado,

Mesmo sendo um traidor,

Quem vive desta maneira,

É fraco e não tem valor.

Cordelista e trovador,

Fugirá dum trambiqueiro,

Que fala de todo mundo,

Num tom bastante grosseiro,

Nenhum poeta precisa,

De tolerar traiçoeiro.

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Nunca deve ser matreiro,

Recusando malandragem,

Nem iludir seus colegas,

Vivendo de pilantragem,

Poeta que anda assim,

Espanta a camaradagem.

Deve manter a coragem,

Ao ler trabalhos errados,

De fazer bons comentários,

Sinceros e moderados,

Para que iniciantes,

Não fiquem desmotivados.

Ter os nervos controlados,

Jamais usando armamento,

Pois não tem qualquer sentido,

Um poeta violento,

Que numa briga impensada,

Vire alguém sanguinolento.

Deve ler de modo lento,

As melhores poesias,

Isso vai gerar suporte,

No reino das fantasias,

Onde fará com palavras,

Bonitas alegorias.

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Precisará de alegrias,

Tendo sensibilidade,

Para redigir poemas,

Com muita amabilidade,

Dizendo versos profundos,

Sempre falando a verdade.

Amar com fraternidade,

Mesmo que seja utopia,

Só quem não viveu não sofre

Por causa da fantasia,

A fonte de mil transtornos,

Prelúdio da agonia.

Que viva tendo alegria,

Pra compensar os defeitos,

Pois neste mundo terreno,

Somos seres imperfeitos,

Conforme as religiões,

Demonstram nos seus conceitos.

Defender os sonhos feitos,

Controlando o consumismo

E que o bom poeta seja,

Repleto de realismo,

Dizendo não aos abusos,

Do tal materialismo.

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Evitar o revanchismo

Por casos desnecessários,

Produzidos muitas vezes,

Nos maldosos comentários,

Gerados por seres fracos,

Covardes e refratários.

Não ter gestos perdulários,

Fugindo da confusão

E trazer amor no peito,

Brotado do coração,

Isso fará nosso povo,

Refletir sobre o perdão.

Controlar irritação,

Por qualquer futilidade,

Olhar as flores do campo,

Para sorrir sem maldade,

Todo poeta já sabe,

Desta sublime verdade.

Escrever com liberdade,

Sem se dizer predileto,

Deixando o povo julgar,

O seu trabalho correto

E quem seguir minhas dicas,

Será poeta completo.

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