NA GAIOLA O CANTO É TRISTE
Hoje cedo um Concriz
Em meu terreiro cantava
Era um canto feliz
Que outras aves chamava
E cada uma mostrava
Imensa felicidade
Cantando bem a vontade
Por estar na natureza
“Canto em gaiola é tristeza
É choro por liberdade”
Livre é belo o Sanhassu
Papa Capim a voar
Não fure os olhos do Assú
Pro mode triste cantar
Privar qualquer um do lar
É muita perversidade
Não faça por caridade
Briga de Canário em mesa
“Canto em gaiola é tristeza
É choro por liberdade”
Me admira o Carcará
Tico-tico e a Bem-te-vi
Tiziu salta pra cantar
Multicor do Suiriri
O Udu e Quiriri
Mais o Cancão são beldade
Que cantam sua identidade
O próprio nome em clareza
“Canto em gaiola é tristeza
É choro por liberdade”
O Golado pequenino
Em açoite assovia
No arame o Miudinho
Pia alto “ria ria”
Sabiá com valentia
Não teme nenhuma ave
E caso os ninhos se acabe
O mundo fica em pobreza
“Canto em gaiola é tristeza
É choro por liberdade”
Um Beija-Flor pairou no ar
Pra ouvir o Bigodinho
Junto do Trinca-Ferro
Num dueto mansinho
Patativa e Bucudinho
Faziam inté amizade
Cantaram o resto da tarde
E pense numa beleza
“Canto em gaiola é tristeza
É choro por liberdade”
De Pintassilgo e Canário
Nasce um belo Pitangó
Se apresenta o Bicudo
Com seu primo Curió
Pros passarim é mió
Agente não fazer maldade
Sinfonia de saudade
Ave canta se tá presa
“Canto em gaiola é tristeza
É choro por liberdade”