NA GAIOLA O CANTO É TRISTE

Hoje cedo um Concriz

Em meu terreiro cantava

Era um canto feliz

Que outras aves chamava

E cada uma mostrava

Imensa felicidade

Cantando bem a vontade

Por estar na natureza

“Canto em gaiola é tristeza

É choro por liberdade”

Livre é belo o Sanhassu

Papa Capim a voar

Não fure os olhos do Assú

Pro mode triste cantar

Privar qualquer um do lar

É muita perversidade

Não faça por caridade

Briga de Canário em mesa

“Canto em gaiola é tristeza

É choro por liberdade”

Me admira o Carcará

Tico-tico e a Bem-te-vi

Tiziu salta pra cantar

Multicor do Suiriri

O Udu e Quiriri

Mais o Cancão são beldade

Que cantam sua identidade

O próprio nome em clareza

“Canto em gaiola é tristeza

É choro por liberdade”

O Golado pequenino

Em açoite assovia

No arame o Miudinho

Pia alto “ria ria”

Sabiá com valentia

Não teme nenhuma ave

E caso os ninhos se acabe

O mundo fica em pobreza

“Canto em gaiola é tristeza

É choro por liberdade”

Um Beija-Flor pairou no ar

Pra ouvir o Bigodinho

Junto do Trinca-Ferro

Num dueto mansinho

Patativa e Bucudinho

Faziam inté amizade

Cantaram o resto da tarde

E pense numa beleza

“Canto em gaiola é tristeza

É choro por liberdade”

De Pintassilgo e Canário

Nasce um belo Pitangó

Se apresenta o Bicudo

Com seu primo Curió

Pros passarim é mió

Agente não fazer maldade

Sinfonia de saudade

Ave canta se tá presa

“Canto em gaiola é tristeza

É choro por liberdade”

Jefferson Desouza (CORDEL)
Enviado por Jefferson Desouza (CORDEL) em 10/04/2013
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