O matuto é o retrato de quem nasceu no sertão
(Mote de Sebastião Dias)
A chinela desgastada
Com uma liga na correia
Numa cuia ele semeia
Milho para a galinhada
Lenha cortada é estocada
Num buraco do fogão
Café batido num pilão
Diz ao cigarro apertado
“Que o matuto é o retrato
De quem nasceu no sertão”
Na sombra da calçada
Acocorado olhando o mundo
Da um “opá” pra Raimundo
Que tange uma boiada
A boia ta preparada
E antes da refeição
Toma o caldo do feijão
Para dar sustância ao prato
“Que o matuto é o retrato
De quem nasceu no sertão”
Queda ela chama baque
Cochilo chama pestana
No boteco uma cana
Com um pedaço de charque
Repente é sua arte
“Inté” popular expressão
Forró do bom é Baião
Por isso concordo o fato
“Que o matuto é o retrato
De quem nasceu no sertão”