O matuto é o retrato de quem nasceu no sertão

(Mote de Sebastião Dias)

A chinela desgastada

Com uma liga na correia

Numa cuia ele semeia

Milho para a galinhada

Lenha cortada é estocada

Num buraco do fogão

Café batido num pilão

Diz ao cigarro apertado

“Que o matuto é o retrato

De quem nasceu no sertão”

Na sombra da calçada

Acocorado olhando o mundo

Da um “opá” pra Raimundo

Que tange uma boiada

A boia ta preparada

E antes da refeição

Toma o caldo do feijão

Para dar sustância ao prato

“Que o matuto é o retrato

De quem nasceu no sertão”

Queda ela chama baque

Cochilo chama pestana

No boteco uma cana

Com um pedaço de charque

Repente é sua arte

“Inté” popular expressão

Forró do bom é Baião

Por isso concordo o fato

“Que o matuto é o retrato

De quem nasceu no sertão”

Jefferson Desouza (CORDEL)
Enviado por Jefferson Desouza (CORDEL) em 06/05/2013
Código do texto: T4276954
Classificação de conteúdo: seguro