A CHUVA É COM CERTEZA A ALEGRIA DO SERTÃO.

Revirando na cachola,

Fiquei aqui me lembrando,

Do sertanejo plantando,

Numa alegria danada,

Levanta de madrugada,

Cantarolando e contente,

Pra preparar a semente,

E enterrar ela no chão,

E o faz com toda presteza,

A CHUVA É COM CERTEZA,

A ALEGRIA DO SERTÃO!

Com a chuva o sertanejo,

Fica faceiro e animado,

Por ver o solo molhado,

E vendo a chuva caindo,

Toda a terra se cobrindo,

De lençol esverdeado,

Igual um manto sagrado,

Querendo acolher o chão,

Sorrir com a mãe natureza,

A CHUVA É COM CERTEZA,

A ALEGRIA DO SERTÃO!

Com o solo encharcado,

Depressa amola a enxada,

E conclama a filharada,

Pra ir com ele ao trabalho,

Muito ante do orvalho,

Ser pelo sol consumido,

Tem seus pés umedecidos,

Descalço tocando o chão,

O ser nobre sem grandeza,

A CHUVA É COM CERTEZA,

A ALEGRIA DO SERTÃO!

Agora chegou a vez,

Diz ele todo contente,

Já vejo água corrente,

Os açudes transbordando,

As avoantes voltando,

Sinal que a fome se foi,

Já ver-se engordar o boi,

Tão magro feito um canção,

Chegou fartura na mesa,

A CHUVA É COM CERTEZA,

A ALEGRIA DO SERTÃO!

E depois de alguns dias,

Ver o milho pendoando,

As espigas embonecando,

Enfeitando o milharal,

O alimento essencial,

De todos os sertanejos,

Que se enche de desejos,

Chora por tanta emoção,

Perante a tanta beleza,

A CHUVA É COM CERTEZA,

A ALEGRIA DO SERTÃO!

Mãe e filhos não reclamam,

De terem a triste sorte,

Mesmo sendo povo forte,

Esmorece ante a miséria,

Imagine quem pudera,

Lutar contra a estiagem,

Não basta só ter coragem,

Pra permanecer no chão,

Cobrem-se rostos de tristeza

A CHUVA É COM CERTEZA,

A ALEGRIA DO SERTÃO!

Mesmo a ponto de morte,

Revive ao enxergar a chuva,

Que desse como uma luva,

A terra magra e sedenta,

Que quase não agüenta,

Por ver um povo sofrendo,

Aos poucos enfraquecendo,

Por vê-los a grande aflição,

Deus lhes reverte à tristeza,

A CHUVA É COM CERTEZA,

A ALEGRIA DO SERTÃO!

Gado não berra de fome,

Agora já tem fartura,

Não sente mais amargura,

Já tem milho pro angu,

Esquece o mandacaru,

Que tanto lhe auxiliou,

Quando a chuva faltou,

Pra manter a criação,

Não por gostar de avareza,

A CHUVA É COM CERTEZA,

A ALEGRIA DO SERTÃO!

Gado não berra de fome,

Agora já tem fartura,

Não sente mais amargura,

Já tem milho pro angu,

Esquece o mandacaru,

Que tanto lhe auxiliou,

Quando a chuva faltou,

Pra manter a criação,

Não por apreciar avareza,

A CHUVA É COM CERTEZA,

A ALEGRIA DO SERTÃO!

Assim o bom sertanejo,

Vai cumprindo sua sorte,

Sujeito valente e forte,

Que luta sem se cansar,

Pra seu torrão conservar,

Mesmo que corte o riacho,

E o fruto lhe seja escasso,

A força lhes falte às mãos,

Tem em Deus a fortaleza,

A CHUVA É COM CERTEZA,

A ALEGRIA DO SERTÃO!

Cosme B Araujo.

07/05/2013.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 07/05/2013
Reeditado em 26/04/2022
Código do texto: T4278209
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