O sonho Matrix

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O sol pairava sobre Tomas, observava os pássaros sobre a janela às cores do céu o confundiam nada mais parecia como antes. Pela janela de seu quarto olhava às vezes meio desvalido o cantarolar dos pássaros daquela manha de outono, repousando sobre o silencio de sua mente. A melancolia o abraçou na insondável edificação de fazê-lo lacrimejá-lo. Olhou para dentro de si mesmo nada mais fazia sentido. Por que viver? Qual o significado de todas as coisas? O cosmo? As hipernovas? O colapso humano? Guerras? Fomes? Transposição de origem? Naquele momento onde o tempo comiam seus segundos de vida, ele abaixou a cabeça como um sinal negativo do que seria a vida para ele. Ele logo ironizou sua própria vida, tudo que ele tinha, viveu e pôde viver é o idealismo que o mundo constrói para qualquer Homem. Possuidor de uma riqueza bastante significativa podia viajar a qualquer momento, mulheres ao seu lado, os melhores convites da sociedade de Oxford, sempre elogiado em eventos e citado em varias poesia como o Jovem invejado, mas naquele momento sinuoso ele sentiu o enorme esforço que tudo que ele fazia era apenas para encher sua vida. A alegria, os risos, as poesias, a bebedeira, as baladas, as valsas mais bem dançadas, viajem, aventura naquele momento era visto como uma amargura inexorável. Tudo parecia tão divertido no inicio, contudo ao passar do tempo ele concluiu uma certa ideia de suicídio...Por mais que ele tocasse as melhores musicas, fosse visto por todos os Lordes, apreciados pelas donzelas, desejado como instrumento de sucesso, aplaudido em cada compasso que seus pés fixava, tudo aquilo não adiantaria de nada por que de fato a sua consciência estava ciente de que a morte era uma ideia infalível. Não suportava mais olhar para si mesmo por um momento pensou que estava ficando louco e se despertou da sua própria alucinação. Sempre condecorado por suas imensas poesias, naquele momento apenas a raiva e a dor abrigava sua manifestação de auto piedade e decadência. As lendas de suas aventuras vinham em sua cabeça, não deixou de pensar quando esteve no monte Everest, ou quando seduziu a linda donzela Elizabeth deixando seu noivo o conde Eliel bravo a ponto de jurar morte a ele. Mas que no fim depois de alguns pedidos de desculpas meio falsos e acordos políticos ele se livrou das garras dele. A Elisabeth adorou tudo aquilo é só o que ele lembra, e nunca mais teve curiosidade de saber se quer como a condessa estava. Aos poucos foi tomando coragem colocou seu cassaco fino trazido de Londres calçou um sapato, pôs seu cachecol, tomou um café rápido acompanhado de pão e saiu. A conjectura de seu pensamento naquela manha o fazia ficar perturbado, com um gesto impaciente apressou seus passos para tentar pegar o trem. Sentou-se, olhou para os lados os rostos pareciam assombrações. Logo refletiu que não poderia dizer que tinha tudo que um homem poderia ter, fica na duvida da retumbância e da mentira como conjunto de pensamentos. Uma donzela ruiva e da colônia sorriu para ele e sentou-se do seu lado no trem, há séculos Tomas não andava de trem, preferia seu carro luxuoso cheio de acessório com luzes brilhantes. Ele nunca foi fã e nem admirador do povo da colônia gostava de vencê-los na moralidade e esbanjando sua riqueza, porem como seu dia amanheceu diferente ele agiu do mesmo modo, sendo assim retribuiu sua atitude com um sorriso tímido. A viagem foi seguindo, o silêncio parecia não agradar a ele, e por um momento pensou em abrir um dialogo mais seu orgulho e ar de superioridade não o permitiu.

- Como se chama? Eu sou Beatrice, pela sua aparência creio que algo o condena ou o perturba, não quero ser impenitente nem audaciosa demais, mas acho que seu dia amanheceu meio confuso para não esconder de seus olhos tamanha tristeza. - Disse Beatrice.

- Prefiro não falar. - Disse Tomas.

- Sim, pelas suas roupas e modo de agir, deve ser um desses lordes, conde ou qualquer personalidade da alta sociedade que adora vencer o camponês e o povo da colina com seu de moralidade e superioridade. Não se sinta como um deus grego por na ocasião de seu nascimento nascer em um berço de ouro e viver de aplausos. - disse Beatrice - sorrindo como quem de fato naquele momento ela que era a mais superior na conversa.

- Acredito que ultrapassou seus limites hoje mocinha tentar me definir através de uma explicação psicológica de inteligência em operações logica e perceptiva supondo desde já vencer meu espirito em uma tentativa fracassada, pois em suas conexões lógicas através do reflexo de sua realidade estabelecida pela sua rotina tenta desde já desenhar meu ser como alguém de sua origem que vive amargurado, contudo não acertou não faço parte de seu mundo pobre e feio, sou sim, um Lorde rico e invejado. O que o homem quer mais que isso. Tenho tudo a qualquer momento. - Disse Tomas - logo depois abriu um livro, como querendo dizer que preferia a riquezas das palavras do que a companhia dela. Por algum instante o sossego do silêncio esteve presente entre os dois, mas.

- Se tem tudo que um homem quer, por que está aqui pegando um trem que você já sabe que presencia camponês, e todo tipo de pessoas que vocês repudiam. - Beatrice sorriu. - Não tem resposta certo? - Perguntou Beatrice.

Naquele momento por mais que tentasse sabia que ela estava certa, olhou para os lados, mordeu os lábios, fechou seu livro. E sorriu para ela como uma abertura para uma conversa mais amigável.

- Tudo bem garota. Estás certa. Perdoe meus impulsos de fariseus. O fato é que acordei vendo meus pensamentos depreciando minha vida. Não tenho tudo que o homem tem, pois falta em minha alma algo que sossegue minha carnalidade ou pelo menos preenche o vazio estabelecido no meu consciente. - Disse Tomas.

- Estais indo para Onde, até agora não disse seu nome? – Beatrice Perguntou.

- Sou Tomas, não sei para onde vou, apenas entrei nesse trem para tentar fugir da opressão dos meus pensamentos.

- Certo Tomas. Estou indo para minha casa quer vim comigo conhecer um pouco de algo da vida que ainda não sabe? - Perguntou Beatrice.

- Não é uma boa ideia. - Retrucou Tomas- Além do mais nem a conheço. - disse Tomas.

- Acha que tem lugar melhor para ir, se fosse você não perderia esse convite por nada, além do mais parece que os lugares onde frequenta não são mais amigáveis para você. - Disse Beatrice.

- Tudo bem. Mas que isso seja mesmo uma boa ideia.

A viagem seguiu Tomas contava a ela todas as aventuras que tinha vivido ao longo de seus 30 anos, Beatrice admirava mais não ficava supressa nem tinha inveja. Aos poucos foi descobrindo quem era Tomas e quem tinha sido ele. Tomas se interessou para saber algo de Beatrice, Beatrice contava como era a vida de camponês mais isso parecia entediante ou até mesmo estranho para ele.

- Chegamos, descemos aqui. - Disse Beatrice.

Pegaram uma carona com um amigo de Beatrice, e chegaram ao seu destino.

- Eu moro aqui, nessa vila, ar puro, liberdade e não precisamos mentir um para o outro, nem receber aplausos falsos. - Disse Beatrice. - Tomas ouviu aquilo como se fosse uma indireta, mas não se importou achou o lugar lindo.

- Oi Beatrice, venha vamos para o Lago. - Gritou Susse sua irmã que vinha correndo ao seu encontro, Beatrice trabalhava na cidade como cozinheira, e ficava ausente o dia todo de sua irmã mais nova. Toda vez que ela chegava era motivo de alegria para Susse. Susse pegou na sua mão e de Tomas e puxaram os dois. Tomas achou aquele gesto meio invasivo mais carinhoso, algo impulsivo mais agradável. Foram para perto do Lago.

- Vamos Tomas, Vamos tomar um banho. - Disse Beatrice

- Isso é loucura, olha como estou além do mais não trouxe roupa de banho. - Disse Tomas com um desejo enorme de não seguir suas etiquetas.

- Então eu vou. - Beatrice entrou no lago como estava vestida com suas roupas de cozinheira junto com sua irmã.

Tomas olhava aquela cena, não conseguia aceita que por mais que tentasse tudo aquilo naquele momento valia mais que os milhares de viagens que ele fez e suas aventuras. Era como o que faltasse na vida dele force aquela singeleza e pureza da vida. Beatrice ali vivendo livres sem ter que seguir as regras, os pedigrees, as formulações da sociedade parecia algo sobrenatural e de total acesso a ele, mas que ele tentava fugir. De repente Beatrice faz um convite a ele entrar e se refrescar no lago.

- Venha Tomaz você não veio aqui só para observar: ¨ olhe o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis.¨ Venha você vai adorar. – Disse Beatrice.

Tomaz em descompasso aceitou nem ele acreditava naquilo. A agua do lago era parte dele agora, Beatrice o abraçou pela frente e sua irmã Susse o abraçou por trás, ele nunca tinha sentido tamanho calor dentro dágua, tamanho carinho em um dia, um gesto sincero sem desconfiar dele. Aos poucos foram soltando ele. Tomaz mergulho fundo e parecia que já fazia tempo que eles se conheciam. Saíram do lago, Beatrice emprestou algumas roupas do seu irmão que a vida o levara para o paraíso. Apresentou aos seus pais, mas fez questão de não revelar quem ele era, o deixou mais a vontade, disse apenas que era um amigo do trabalho. Saíram pelo bosque vendo as lindas orquídeas nascer pelo caminho, o sol reluzente pousar em seus corpos, o vento do oriente acalmar suas almas e a harmonia do silencio os comtemplar com a paz. Beatrice o levou para conhecer seu jardim, um paraíso caótico, mas belo. Natural. As arvores alegre, repousavam sobre uma neblina quase invisível, saboreando o vapor do vento.

- Beatrice diga-me você sente falta de algo, que preencha sua vida? Perguntou Tomaz.

-Sim o amor. Já viveu ele Tomaz?

- Amor. – Tomaz rir. – Amor é ilusão da mente, um engano do perceptivo, síntese temporária de um cérebro humano, o qual o intelecto tenta desesperadamente justifica às vezes a existência, outra vezes algo ilusória para tentar preencher a falta de intimidade com o significado da vida, que é a morte, e sendo a morte tentamos nos enganar achando que o amor vai nos fazer esquecer-se de todos os sofrimentos e dureza que nossa espécie sofre nesse cosmo, onde o destino é aquilo que já mencionei a morte. E todos os significados, proposito ou conto são triviais quanto à existência. Onde embora somente a mente humana possa inventar algo tão insigne que é o amor. – Disse Tomaz.

- Deste a resposta dos fracos. Embora ache que tenha uma carruagem significativa do mundo, você demostra que tem medo do que a vida trará no final das contas. Seria a morte? Solidão? Desamor? Pobreza? O que seria Senhor Tomaz. Por que não acredita no amor. Já amor alguém? – Beatrice questiona-o.

- Não. Apenas acho uma lenda. – Disse Tomaz.

- As lendas são tolice, o amor é verdade. – Beatrice fala.

- Tenho medo. Medo de ver a verdade, medo de sentir, medo de ser EU uma vez pelo menos. – Disse Tomaz.

- Você está sendo isso agora. Pegue aqui no meu coração – Beatrice pega a mão de Tomaz e a coloca no lado esquerdo do seu peito, na direção do coração. – Sente Tomaz é meu coração pulsando, é você não tendo medo de está perto de alguém, é sendo você. – Tomaz sente uma pulsação direta em seu coração, era o amor nascendo ali, e ele já sabia disso desde o momento que entrou no lago, quando observa os lábios de Beatrice, o sorriso, a vida que nela se manifestava a destreza, sua força e sua fraqueza exposta sem medo, ele sentiu-se tomado e entregue a qualquer coisa, a qualquer proposta que Beatrice o oferecesse ou pedisse. – Tomaz agora você é você. –Disse Beatrice.

- Verdade. – Tomaz diz fritando seus olhos nos dela. – Eu acho que pode haver uma possibilidade de existir o amor. – Ele sorrir. – Mas não sei se sou digno dele. – Disse Tomaz.

- Claro que é. Você é um individuo bom, cheio de vontade de viver e de conhecer o que deixou para trás, você sente um vazio que é a falta de ter alguém com quem compartilhar, de poder beijar e sentir a vibração magica que transcende toda logica humana, que faz o homem nascer para o mundo dos sonhos e se entregar a honestidade e a pureza da vida. Tem sorte de poder confessa isso, o amor está aqui em podemos estamos junto, está na minha casa quando minha mãe faz uns bolinhos de chuva na minha espera quando volto do trabalho. Sabe o que é isso? – Beatrice diz rindo.

- O amor. – Naquele momento Tomaz deseja tanto beija-la, mas sente medo de ultrapassar o limite que ela deu a ele, mas numa pulsação de apaixonado a rouba um beijo. Ela sem reação aceita sua proposta, seus corpos se juntam, suas mãos se apertam, e as únicas testemunhas são as rosas e os clarões do sol. Nessa valsa orgânica surgem alguns suspiros quentes. Duraram 30 segundo o beijo, e os lábios se separaram. – Isso é o amor, Beatrice. – Disse Tomaz.

Beatrice olha em seus olhos estudando cada movimento dele, e dá um tapa no rosto dele. - Não sei se isso é o amor. Não sei. Por que me beijou? Sou uma camponesa, vivo na colônia não faço parte do seu mundo, da sociedade onde vive, nem gosto do estilo que leva. – Disse Beatrice.

- Perdoe Beatrice, mas no exato momento a única coisa que sinto é o desejo de aprender com você. – Disse Tomaz. - Tomaz imaginava ali quanto do tempo dele foi perdido, consumindo na artificialidade da vida, se jogando nos enganos, recebendo falsas amizades, aproveitando-se do engano, e apodrecendo sua própria vida na camada mais suja dela de não acredita na felicidade natural. - Perdoe Beatrice?! – Disse Tomaz.

Tomaz se aproximou dela, Beatrice paralisada ficou, Tomaz a beijou novamente, Beatrice acreditaram em suas palavras, os dois se envolveram, Tomaz em uma lentidão romântica e paradisíaco ia tirando a roupa dela, a beijando o corpo inteiro, enquanto Beatrice fazia uma tempestade de paixão sobre o corpo dele, deitando suas unhas em sua costa aprofundando a carnalidade da paixão sobre seu corpo, os beijos, as caricias, os sussurros, a paz que os rodeavam, Tomaz a tomou em seus braços coabitando sem medo, com amor, sem dúvida, com paixão, Beatrice sentia toda a penetração, enquanto Tomaz consumia seu ser de prazer, as horas pararam assistindo o ato de amor e pecado, de vida e de luxuria. Paradoxal. Amor. O AMOR que todos desejam sendo encenado, sendo coabitado, sendo mostrado. O suor em seus corpos, Tomaz nos braços de Beatrice sendo levada a profundeza dos sentimentos. Tomaz e Beatrice termina o ato e gozam de harmonia, Tomaz ver Beatrice sendo levado pelo sono e adormece junto.

Tomaz acorda, e se surpreende a tristeza toca seu coração, como? Por quê? Ele não acreditava no que via, não via mais Beatrice do seu lado. As lagrimas caíram, a tristeza o visitou, percebeu que tinha adormecido na janela enquanto imaginava o sentido da vida. Então logo cobrou a sanidade e sorriu agradeceu e viu o tempo que desperdiçou questionando tudo que a vida o dava. Saiu na rua, e foi encontrar um amor assim como aquela linda Donzela o tinha visitado em seus sonhos. Percebeu que a vida está acima de tudo, e que só existe vida quando existe amor.

Davi Alves

OBS: O texto contém uma frase de Fernando Pessoa e Matrix.

Davi Alves
Enviado por Davi Alves em 15/05/2013
Reeditado em 15/05/2013
Código do texto: T4292188
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