Freud explica!

Havia um ente saudável

Porém, era muito sensível

Não tinha isto palpável

Nunca percebera o nível

Tomava sustos fortuitos

Possíveis de administrar

Ao captar alguns fluidos

Hostis, mas não pra matar

Sempre notou sua falha

Vez por outra a atrapalhar

Mas superava a seguir

Após cair... Levantar!

É que não tinha passado

Nenhuma prova real

Jamais fora rejeitado

Nunca lhe fizeram mal

Mas num dia como outros

Precisou de um amigo

Que em momentos passados

Ela já tinha servido

Seu entendimento dizia

Que poderia contar

Que esse amigo iria

Sem dúvida o ajudar

Mas o amigo sorrindo

Textualmente falou

Que não era filosofia

Que ela nunca emprestou

Em face de necessidade

Que lhe obrigara a pedir

E da infidelidade

Jogada pra ele ali

Retirou-se cabisbaixo

Procurou alternativa

Com conseqüência incômoda

Mas perfeitamente exeqüível

Não era o favor em si

Que tinha tanto valor

Mas a atenção de tê-lo

Vindo de quem precisou

Não havia a consciência

Do dano da “traição”

De ninguém lá da urgência

Do pessoal de plantão

Foi assim: ninguém sabia

A razão daquela dor

Mesmo no segundo dia

Nem ele nem o doutor

Foi quando numa conversa

Mais calma para a gravidade

De repente alguém pergunta

Houve contrariedade?

Só aí a descoberta

Feita dentro do hospital

Como alguém que se ache esperta

Tem colapso emocional?

Daí pra frente, a lição...

E outras mais que vieram

Foram dando a dimensão

De se eram ou se não eram

E agora com cuidado

Todo terreno é minado

Pois sabe que certas coisas

O deixam traumatizado

Muitas vezes nem percebe

A gravidade dos fatos

Mas o corpo lhe demonstra

A seguir com algum estado

Nem sempre se entende isso

Achando-se ser comum

Afinal se ter problemas

É normal pra cada um

Já sabendo dessa regra

Das coisas sem importância

Preserva-se do que se prega

Tem sua própria relevância

Para os outros é impossível

Compreender os tais cuidados

Preferem ser impassíveis

Ou achar que é exagerado

Desenvolveu suas armas

Pra melhor se defender

Às vezes até extrapola

Usa excessivo poder

O dito popular diz assim:

“Se é dos males, seja o menor”

É melhor parar o ruim

Antes de ficar pior

E assim se vai vivendo

Esse cara consigo mesmo

Lamentando alguma perda

Mas preservando o sossego

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Nota: Ano 1983 - O empréstimo era de um carro pela 1ª vez. Já havia emprestado o seu a ele mais de 5 vezes, mas nesse dia, estava na oficina. Visitavam-se regularmente (as duas famílias). Trabalhavam juntos. Trocavam confidências numa prova de que não haveria nenhum obstáculo até para mais importantes favores recíprocos. Depois de arrastados 4 meses de clima ruim, o solicitante sensível deixou a empresa e um ex-amigo.