O CAMPONÊS e OS CIGANOS.

Vejam só como essa vida,

É um tanto engraçada,

Pois nos prega cada peça,

Durante a nossa jornada,

Que sujeitos analfabetos,

Também sebe ser esperto,

Vão vendo meu camarada.

Existia um camponês,

Por nome José Firmino,

Sujeito de papo firme,

Que não vivia dormindo,

Com sua esposa Iracema,

Pro lado de Borborema,

O casal e dois meninos.

Esse seu José Firmino,

Um analfabeto de tudo,

Porém era bem esperto,

Conversador e papudo,

E quando fazia planos,

Enrolava até ciganos,

O cabra era topetudo.

Esse mesmo camponês,

Tinha um velho cavalo,

Olha o bicho era brilhoso,

Que fazia gosto olhá-lo,

Desses que o frigorífico,

Fazia qualquer sacrifício,

De em jabá transformá-lo.

Alem de tudo o cavalo,

Já era cego de um olho,

Dava coice até no vento,

Pois era mesmo restolho,

Pela aquelas redondezas,

Quem conhecia a proeza,

Não queria o tal pimpolho.

Porém era bem tratado,

Gordo e de pelo macio,

Pois já vivia encostado,

Até em tempo de estio,

O camponês por sua vez,

Vivia a espera de freguês,

Pra se livrar de imbecil.

Um certo dia apareceu,

Pela aquela redondeza,

Uma turma de ciganos,

Peritos em esperteza,

Quando viram o animal,

Disseram nada de mal,

Gambirar essa beleza.

E logo se acamparam,

Um pouco ali adiante,

Fizeram então amizade,

O que foi um agravante,

Já de plano engendrado,

Um discurso bem bolado,

Pra engabelar o sitiante.

Cá também o camponês,

Viu neles a oportunidade,

De se livrar do cavalo,

Que já tinha certa idade,

Então ficou esperando,

Pra ofertar aos ciganos,

Aquela anormalidade.

Isso não demorou muito,

E os ciganos chegaram,

Querendo o tal cavalo,

Logo ao dono indagaram,

Diga pra nós meu ganjão,

Queres vender o alazão,

Pequeno valor ofertaram.

Apenas quinhentos Réis,

Propuseram pelo animal,

Botando tanto defeitos,

E nem sabiam do real,

Lutaram de todo jeito,

No seu discurso perfeito,

Só pra comprá-lo afinal.

O debate foi ferrado,

Nessa dura negociação,

O seu valor é três mil,

Por menos nenhum tostão,

Se quiser pague primeiro,

Passe pra cá o dinheiro,

E será de vocês o alazão.

Porem só vendo o cavalo,

Se meus filhos concordar,

Pois ele é de estimação,

Pra o meu gado campear,

Nisso os filhos do roceiro,

Fizeram o maior berreiro,

Fingindo não concordar.

Os meninos esperneavam,

Pedindo ao pai, por favor,

Não venda o nosso cavalo,

Pois nós temos muito amor,

E faziam um choro forjado,

Mas era tudo combinado,

E o cigano nem desconfiou.

O choro dos tais meninos,

Era mesmo de comover,

Parecia ser verdadeiro,

Somente vendo pra crer,

Diziam: o nosso alazão,

É o melhor dessa região,

E o senhor quer vender?

Os ciganos que tudo viam,

Mas já de ideia formada,

Pra enganar o tal homem,

Mas de forma disfarçada,

Diziam eles é dessa vez,

Que pego esse camponês,

Fingiam não querer nada.

Mas depois de muita luta,

O pai disse pros meninos,

Vamos vender esse cavalo,

Pois animal não tem mimo,

Sejam bichos ou objetos,

Se encontrar o preço certo,

Fazer negocio é meu tino.

Deixe está que o cigano,

Ficou louco pra comprar,

Aquele afamado cavalo,

Nem dava pra disfarçar,

E o camponês aproveitou,

No seu preço caprichou,

Até o cigano comprar.

Conversa vai e papo vem,

Até que enfim foi vendido,

Por três mil contos de Réis,

O preço por ele exigido,

Então aquele velho cavalo,

Foi vendido ali no estalo,

Pelo valor pretendido.

Levaram então o animal,

Direto pro acampamento,

Diziam consigo mesmo,

Foi um bom investimento,

Como o cigano é esperto,

Enxergaram bem de perto,

Que tinham sido jumentos.

Viram que o camponês,

É que tinha bamburrado,

Vendendo um animal cego,

Por um preço exagerado,

Pra sair desse prejuízo,

Vamos usar o improviso,

Se não estamos lascados.

Ficaram então furiosos,

Por terem sido enganados,

Achavam que eram vivos,

Mas foram trapaceados,

Sem acreditar de uma vez,

Como simples camponês,

Deixou a eles enrolados.

Disse um cigano logo vi,

Que havia algo errado,

Um animal gordo assim,

Não se deixa encostado,

Para nós só tem um jeito,

É encobrir-lhe o defeito

E vender o desgraçado.

No outro dia os ciganos,

Foram àquele camponês,

E quando os viu chegando,

Foi dizendo de uma vez,

Aqui o negocio é de macho,

Não desmancho o que faço,

Pra mim foi feito se fez.

Se vieram devolver-me,

Não se desmancha negócio,

Se eu vendi está vendido,

Pois eu só faço o que posso,

Se não gostou felizmente,

Empurre o bicho pra frente,

Venda pra outro esse troço.

Disse o cigano meu amigo,

Eu não vim lhe devolver,

O que fizemos está feito,

Não tem pra onde correr,

Viemos pedir ao senhor,

Um insignificante favor,

Basta o senhor atender.

Vimos pedir emprestado,

Seus meninos pra chorar,

Esse cavalo não presta,

Com nós não pode ficar,

Eles fazem a encenação,

E nós vendemos o alazão,

Pro burro que vir comprar.

Qual a moral da história,

Lendo tire a conclusão,

Seja culto ou analfabeto,

Tire desse texto a lição,

É muito bom ter cuidado,

Pois para ser engabelado,

Basta está nesse mundão.

Cosme B Araujo.

30/08/2013.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 30/08/2013
Reeditado em 30/08/2013
Código do texto: T4459152
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