O patrão e o empregado. Autor: Damião Metamorfose.

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Oh Deus senhor de Abraão,

Do honesto e do safado.

Abra a mansão da poesia

Pra me deixar inspirado.

Pra falar dos dois extremos,

Do patrão e empregado!

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Alto ou assalariado

Sabe de cor a lição.

Só conhece os seus direitos

Mas os seus deveres não.

E pensa em levar vantagem

Nos números da produção!

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Desvantagens do patrão

É não chegar atrasado.

Não ter folga, não ter férias

Não ser ovacionado

A ganhar uma promoção

E se quebrar, ta ferrado!

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Patrão precisa um guardado

Pra pagar o funcionário.

Precisa ter produção

Lucro não imaginário.

Funcionário quer férias

Décimo terceiro e salário...

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O imposto é um calvário,

Juro alto, uma indecência.

Finda sobrando os débitos

E acabando a paciência.

E o empregado de férias

Forçada da previdência!

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Parece uma penitência,

Todo mês um atestado.

Quem trabalha se aborrece

Com o beneficiado.

No final o patrão fica

Mais pobre que o empregado!

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O bom patrão é testado,

Bom empregado também.

Com destaque ganha mais

Pois quem é bom ganha bem.

Mas direitos e deveres,

Só o patrão é quem tem!

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Fui empregado também

E hoje sou patrão de mim.

Conheço bem os dois lados

Do não o talvez e o sim.

Das vantagens, desvantagens,

Sei o que é e o que é ruim.

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No emprego é sempre assim,

Antes da experiência.

O patrão promete aumento

Se atender toda pendência.

No fim patrão dá descontos

E empregado a previdência!

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O salário é uma esmola

Os juros são muito altos.

Um pedido de aumento

Pesa mais que os assaltos.

E assim patrão e empregado

Equilibram-se nos saltos!

*

Quer viver de sobressaltos?

Tente um dia ser patrão.

Pagar férias, décimo, fundo

De garantia e o leão...

Quem vive com um salário

Não sabe o que é pressão!

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E os dois lesados são

Pelo imposto de renda.

Não sei se é melhor ser cana

Ou se é melhor ser moenda.

Só sei que um sem o outro,

É despacho sem oferenda!

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Um põe cana na moenda,

Outro vive com um salário.

Se um quebrar, para o outro,

É engraçado, e hilário.

Quanto mais um é esperto

O outro se sente otário!

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Quem emprega tem fadário,

No bolso no fim do mês.

Paga isso e paga aquilo

Paga as contas que não fez.

E o empregado gasta

Para mostrar que tem vez!

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E nesse antigo xadrez

De patrão e empregado.

Em que um se julga esperto

E outro se acha explorado.

Quando um acaba falido

O outro é desempregado!

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Não cresce o mau empregado

Patrão ruim vai à falência.

Sendo bons e esforçados

Crescem na mesma cadência.

Se um precisa do outro,

Precisa mais paciência!

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Patrão não muda a tendência

Quando retorna ao seu lar.

Na semana ou feriado

Não sabe o que é descansar.

E o empregado vive

Feliz e sem se estressar!

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Sei quem vive a trabalhar

E diz que é um escravo.

Mas tem casa, carro e moto

E não deve um centavo.

Vive melhor que o patrão

Que só tem cara de bravo!

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Um recebe sem agravo

O adicional noturno.

Hora extra e outras tantas,

Se noturno ou diurno.

Mas quem é patrão trabalha

Toda hora e em qualquer turno!

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Patrão calça o seu coturno,

Seja em casa ou na empresa.

Empregado marca o ponto

Sem pensar na incerteza.

Pois tem no final do mês

Seu salário por certeza!

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Na luta por pão na mesa

E bom salário também.

Tem patrão que ganha pouco

E outros que ganham bem.

Tem empregado que guarda

Bem guardado o que ele tem!

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Se o empregado tem

O batente e o patrão.

O patrão tem o empregado,

O batente e o leão.

E um precisa do outro

Pra poder ganhar o pão!

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Deus me deu a inspiração

Ai foi dado o recado.

Mais defesa que ataque

Indo e vindo com cuidado.

Assim nasceu o Cordel

O patrão e o empregado!

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Damião Metamorfose.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 20/10/2013
Código do texto: T4533989
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