Frei Dimão recita as matinas para Teresa
Ovelha desgarrada
de converter-te não me eximo
do Pai também és amada
por estes versos que exprimo
Vieste de distantes terras
para este nosso torrão
passaste até por guerras
em busca da salvação
Os teus instigantes versos
são do geral agrado
deixam recantistas imersos
e até um frade, viciado
Toma porém todo cuidado
para não compor após as dez
noite desvelada é um pecado
e lá o maligno bota os pés
Também me valho do mote
para com rigor proibir:
evita qualquer decote
que faça sinto subir...
Cupido é muito traiçoeiro
e anda sempre à espreita
a carne é este braseiro
que, incauta, o aceita
Pra lavar tenho batinas
e te peço generosa mão
se com os versos já fascinas
que se dirá, com o sabão
Após trabalho penoso
terás digna compensação
a alegria de um frade idoso
com a capela em ereção
Quanto ao sacro cajado
repito esperançoso
de tê-lo osculado
para o teu divino gozo