Canta, canta, passarinho

Canta, canta, passarinho,

Bem à beira do caminho

Renova a minha esperança

Estou cansado e triste

Mas meu peito resiste

Como sonho de criança

Canta, canta, passarinho

Quero sentir teu carinho

E o meu pranto enxugar

É grande o meu tormento

Vivo só de sofrimento

Minhas mágoas a resmungar

Canta, canta alegria

Faz a tua parceria

Com outras a vês a cantar

quero rever a esperança

do meu tempo de criança

com minha mãe a rezar

Canta, canta rouxinol

Desde o primeiro arrebol

Até ao entardecer

Quero lembrar o passado

Com o meu mano abraçado

Pelas campinas a correr

Canta, canta a primavera

Faz lembrar-me como era

Minha velha moradia

Minha santa mãe rezava

E a todos ela ensinava

Rezar a Ave-Maria

Canta, canta a mãe da Lua

Minha vida parece a tua

Pois teu canto é só tristeza

Vim morar cá na cidade

Perdi a felicidade

Que ali tinha com certeza

Ao romper da alvorada

Canta toda passarada

Pra eu lembrar meu sertão

Nos tempos de vaquejada

As noites enluaradas

Naquele belo rincão

Canta o curió no sertão

A coruja e o gavião

Nas campinas do agreste

Foi ai que nós nascemos

E juntos exaltaremos

As caatingas do Nordeste

Olhando os canaviais

Vejo mortos os matagais

Que a seca ardente matou

Não vi mais a cauã

Nem também a ribançan

que daí já se mudou

Teu cantar me traz a paz

Só o bem ele faz

Como é belo o teu viver

Quando minha hora for chegada

Ouvindo a passarada

Eu assim quero morrer

Zé Bezerra o Águia de Prata
Enviado por Zé Bezerra o Águia de Prata em 25/05/2007
Reeditado em 02/06/2007
Código do texto: T501016
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