O sertanejo - Sextilha – Literatura de cordel

Ah, eu não desapregava

Meus zólhos da paisagem

De coloração cinza

Eles não arremelavam

Qui tavam cheios de poeira

Igual talo da ramagem

Em toda ribanceira

E o vento soprava forte

Arrastando ais fôias secas

Que trazia lá do norte

A seca na ribeira

Qui secou inté os potes

Podia ouvir o mugido

farminto da rês no pasto

Da tão seca danosa

Ardida do sol arto

Deixava tudo cinza

Tal irriba e embaixo

Só se via nuvem branca

Com exceção do céu ani.

Vento forte arrupiava

Terminando num funi

Os bodes recramava

Querendo era comer mi

Cuia de milho valia ôro

Galinhas que dissessem

Que o tal bicho carcará

Ficava no sobe e desce

Espiava das alturas

Qui na terra se mexe

Tinha muito era poeira

E a chuva ficou sumida

E Deus ninguém avistava

Qui nem dor de barriga

Cá embaixo eu resistia

Lambendo minhas feridas

Rroberto Matos
Enviado por Rroberto Matos em 07/11/2014
Reeditado em 08/11/2014
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