O sertanejo - Sextilha – Literatura de cordel
Ah, eu não desapregava
Meus zólhos da paisagem
De coloração cinza
Eles não arremelavam
Qui tavam cheios de poeira
Igual talo da ramagem
Em toda ribanceira
E o vento soprava forte
Arrastando ais fôias secas
Que trazia lá do norte
A seca na ribeira
Qui secou inté os potes
Podia ouvir o mugido
farminto da rês no pasto
Da tão seca danosa
Ardida do sol arto
Deixava tudo cinza
Tal irriba e embaixo
Só se via nuvem branca
Com exceção do céu ani.
Vento forte arrupiava
Terminando num funi
Os bodes recramava
Querendo era comer mi
Cuia de milho valia ôro
Galinhas que dissessem
Que o tal bicho carcará
Ficava no sobe e desce
Espiava das alturas
Qui na terra se mexe
Tinha muito era poeira
E a chuva ficou sumida
E Deus ninguém avistava
Qui nem dor de barriga
Cá embaixo eu resistia
Lambendo minhas feridas