Frei Dimão desperta Kathie para os ardis do maligno

Andaste com o Chalino

atrás de um pelavacas

que de ladrão assassino

mata com revólver e facas

Queres esporramar esperança

num mundo tão corrompido

o Pai uma hora se cansa

e te larga na mão do Cu(s)pido

Como ovelha muito querida

far-te-ei belo regalo

indo à terra pro-metida

antes do cantar do galo

E vem aí um roliço guri

para este mundo salvar

que embora fará xixi

na palha assim que chegar

Tuas andanças pelo Recanto

notivagas é que andam

embora de muitos o encanto

faz só o que os anjos mandam

Ao pecado não te rendas

conforme dita o maligno

que quer roubar-te as prendas

sob o mais falso signo

Natal não é badalação

e aqui, eu brado e falo

deixa de lado o Tremendão

e vem soar meu badalo

Que chama à comunhão

todo cristão e todo crente

a hóstia já tenho na mão

falta a boquinha saliente

Pega com meu evangelho

que é segundo São Ateus

converte até escaravelho

e com o O limpo o leu Zeus

De Diana caçadora

vê se surrupias a flecha

pra ficares abrasadora

com aquela divina mecha

Já és uma divina tocha

que no Recanto alumia

até mesmo corno e broxa

te esperam na sacristia

Meu cajado já esfolaste

de tanto e tanto lustrar

contudo não te emprenhaste

e o repetir é salutar

Vem ai novo mandato

de tua eleita presidenta

vê o tamanho de seu sapato

que estimo chega a quarenta

Dizem que há ministros demais

que saem até pelo ladrão

coisa que se resolve em paz

com petrolão e Ab(re)salão

Chega a hora das matinas

e ando à procura do terço

pra as sazões repentinas

que me acompanham do berço

Acende o espesso círio

que tanta gosma jorrou

ele pode ser teu martirio

jorrante, bem certo estou

Dos bichinhos do presépio

tem atenção com o veadinho

ele saltita serelepe(o)

e muito apraz ao Jesusinho

Entoa agora o cantochão

para o salvador louvar

ele pode entrar bem durão

mas pós gozo, irá baixar

Kathie conta seus teclados para o ancião Dimão, buscando a sal(i)vação:

Andei com Chapolim\

Em busca de malfeitores\

De Oswaldo ao bandolim\

De falcatruas e seus odores\

Derramo esporrança pra todo lado\

O meu lema é amar sem pecado\

Chamo até o frei desastrado\

E deixo o Pai dar conta do recado\

Quero ser a ovelha rente\

Fazer a fé aumentar e crescer\

E de todas serei a mais crente\

Fazendo a crista do galo endurecer\

Esse guri é bem vind(i)o\

Salvará esse mundo cruel\

E coloco a cuequinha no pint(i)o\

Para não xixizar ao leu\

Ando de pelo nu na camisola\

Esvoaçando em asas brancas\

Mas tem um frei que me esfola\

Me deixa até de pernas bambas\

Ás vezes peco e saio pecada\

Mas tu me salvas na vara de mirto\

E saio toda sapecada\

Da tua seita e do teu rito\

Teu badalo é bem manipulado\

Não me canso de tocar\

Ás vezes sai até babado\

De tanto eu balançar\

Fervorosa é a minha boquinha\

Tomo a comunhão fervorosa\

Depois comes a minha canjiquinha\

E me dizes que tenho cheiro de rosa\

Folheio teu são Ateus\

Que muito me engrandece\

Menino, homem e os cara velho\

Todos eles endurecem\

De Minerva quero a coruja\

E sapiente te mostrarei\

Que teu cajado não enferruja\

Até a flecha de Diana eu enterrei\

Gosto de tudo aceso\

Mas na hora agá quero no escuro\

Quero tudo bem teso\

De broxa a corno, tudo sem esbulho\

Teu cajado é bem lustroso\

Passo cera de primeira\

Nada que me prenhe, só o gozo\

Que tua fila é bem grande e desordeira\

Teu terço está em meu quarto\

Foste lá que o deixaste\

E agora com dor nos quartos\

E não há nada que se baste\

Teu círio vive aceso\

Pois da lava me queimou\

Talvez seja coeso\

Acendermos juntos o que restou\

Bambi é saltitante e alegre\

Zizuis fica felizinho\

Chamarei a arca em breve\

Para resgatar todos os bichinhos\

O cantochão será entoado\

Como o Salvador aprecia\

E depois seremos zoados\

Por tanta sacranagem na sacristia\

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 22/12/2014
Reeditado em 22/12/2014
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