O testamento do juda

Cordel coletivo

" O testamento do juda "

Juciana

Sabendo que é o meu fim

Que irei mesmo morrer

Já nao me resta mais nada

Nem nada para dizer

A não ser meu testamento

Que agora eu irei fazer

Paulo

Más o que tenho a dizer

É que minha hora chegou

Pensei que eles reagissem

Mas pra mim não adiantou

Peguem as trinta moedas

Que agora sou eu que vou

Juciana

É tudo que me restou

Fazenda gado dinheiro

Umas 500 galinhas

Que eu tenho no puleiro

Mas minha viola eu deixo

Para Heleno violeiro

Lucélia

Meu rifle de cangaceiro

Já que eu não vou mais usar

Deixarei para o caboclo

Lá das terras potiguar

Pra poder matar um dia

Quem veio aqui me matar.

Juciana

Minhas galinhas vou deixar

Para Deilma presidente

Sei que daqui alguns dias

Irá perder a patente

Entao ela ja tem ganho

Pra viver eternamente

Junior Adelino

Eu peço daqui pra frente

Já que sem rumo eu me vejo

É que eu seja perdoado

Da ganância e do desejo

E que não fique de exemplo

A traição do meu Beijo

Paulo

O perdão é que ameijo

Mas eu sei que não consigo

Mas eu tenho que deixar

A palavra de um amigo

Deixo aqui minhas palavas

Pra você levar consigo

José Farias

Deixo o meu queijo e digo

Deixo como uma tradição

Minhas trintas vacas paridas

As melhores da região

E deixando tudo isso

Não conssegui o perdão

Junior Adelino

A minha condenação

Eu sei que está decretada

Porém deixo como exemplo

A minha história narrada

Provando que a ganância

Não leva ninguém a nada

José Farias

Deixo uma namorada

A mais linda do lugar

Foi a que mais me amou

Hoje muito infeliz estar

Pois as horas estão chegando

Da mesma enviuvar

Nilson

O meu fugão vou deixar

onde o almoço esquentava

deixo o meu par de botas

aquele que eu mais amava

o mesmo que eu usei

quando com Jesus andava

Heleno

As perneiras que eu usava

Vou deixar para o vaqueiro

Meu par de botas perdido

Quem achar é do pedreiro

A camisa e meu chapéu

Eu deixo pro cachaceiro

José Farias

Lá no final do terreiro

Aonde vão me matar

Deixo uma botija enterrada

Dificil de se achar

E se torna bem facinha

Se com a mesma sonhar

Juciana

Eu também quero deixar

Minha cueca rasgada

Aquela que eu ganhei

Da primeira namorada

Para meu amigo Teles

É só dá uma costurada

Lorival Pereira

Pra que coeca rasgada

Só dar pra faser mautrato

Dessa eu dono nervoso

Causa o maior desacato

Começa quando não presta

O jeito é jogar no mato

José Farias

Esse meu amigo nato

Ja nao tinha serventia

Falava tudo de mais

Nao era boa companhia

Além da minha cueca

Deixo tudo que nao me cabia

Neuton

A minha egua luzia

E a roça de capim

Vou deixar para o prefeito.

Um cabra bastate ruim

No futuro ele vai ser

Maltratado igual a mim

Thiago

Eu fiz tudo quanto é ruim

Porem morro mais esperto

Deixo tudo que for bom

Com meu mal, eu me aperto

mas levo esse mal comigo

Deixando o que fiz de certo

Lucélia

Tô aqui de peito aberto

Já bastante arrependido

Pelas dores que eu causei

Com meu papel de bandido

Quem fez as coisas que eu fiz

Já era pra ter morrido

Heleno

Eu sei que fui atrevido

Mas deixo no testamento

Um tamborete de couro

A helice d'um catavento

E a coleira que usava

Meu cachorro rabugento

Juciana

Viver mais nao aguento

Também fiz muita maldade

Um peste assim que nem eu

Que vive na falcidade

Só tem mesmo é que morrer

Pra pagar minha ruindade

Teles

Adeus a comunidade,

Mamãe Dilma, papai Lula

Os meus irmãos mesaleiros,

Que riquezas acumula,

Vão morar todos no inferno,

Amontado numa mula

Heleno

Deixo pra quem me bajula

Um caixote de banana

Pra Lucélia um pé de cabra

Pra Neuton um litro de cana

E a corda que me enforcou

Vou deixar pra Juciana

Teles

Aquele que me engana

Paulo Cunha e Calheiros,

Vou deixar pra todos ele,

Chafurdarem nos chiqueiros,

Morrerem sem levar nada,

Que vai não leva dinheiros

Neuton

Vou deixar meus companheiros

No meu velho barracão

Uma velha rede armada

E muita sugeira no xão

Uma prova bem real

Que ali morava um ladrão.

Teles

Dedé Johnson meu amigao

Deixo o jumento alejado.

Para dar um coice nele,

Quando for para o mercado,

E o dono da budega,

Não lhe vender mais fiado

Juciana

Já estou quase acabado

Nao devo nada a ninguém

Eu sei que fiz muito mal

Mas fizeram a mim também

Toco fogo no dinheiro

Nao deixo nenhum vitém

Teles

E pra John Morais tambem

Minha sogra vou deixar

Pra ele tomar de conta

Leva-la pra passear

E se ela morder ele

A raiva ele vai pegar

José Farias

Pra meu estado vou deixar

Autenticamente paraibano

A desgraça politiqueira

Que acontece a cada ano

A erosão do cabo branco

Causada pelo o oceano

Juciana

Eu pesso que a cada ano

Seja feita nessa data

Uma festa de arromba

Lembrando minha vida ingrata

E que o Lula esteja

Usando minha gravata

Lucélia

Neste sábado é a data

Meu fim já está marcado

Esta noite eu morrerei

Para pagar meu pecado

Que foi ter traído Cristo

Há muito tempo passado.

Juciana

Vou dando adeus exaltado

Pra todos que me iguinora

Eu sei que vou pro inferno

Mas isso nao me apavora

Um bom sábado de aleluia

Pois já chegou minha hora.

Juciana Miguel. Paulo Medeiros. Lucélia Santos. Júnior Adelino. Nilson Gonçalves Ejc Heleno Alexandre José Farias. Francisco Luremberg. Neuton Galdino Lourival Pereira Lima. Thiago.

Juciana Miguel
Enviado por Juciana Miguel em 04/04/2015
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