SAFADEZA

SAFADEZA

Silva Filho

No transporte coletivo

Corre grande safadeza

As mulheres sufocadas

Não encontram gentileza

Os homens querem aperto

Nas coxas de cada presa.

Quem pratica a proeza

Não pretende trabalhar

Quer andar de coletivo

Porque pode “conxambrar”

Esse nome é muito feio

Mas depois vou explicar.

Quem consegue embarcar

Numa “Lata de Sardinha”

Tem a coxa noutra coxa

(alguém diz: Qual é a minha?)

Se a mulher dá uma bronca

É chamada de fuinha.

Pode ser em qualquer linha

E o problema se repete

O pilantra faz de tudo

Vai tentando, mas não mete

No furinho pretendido

Penetrar não lhe compete.

E com tantos cassetetes

Imprensados entre coxas

As mulheres se constrangem

Segurando tantas trouxas

Umas ficam amarelas

Outras ficam muito roxas.

Com legislação tão chocha

A Mulher não tem amparo

O abuso que enfrenta

Tem um custo muito caro

Todo dia humilhada

E ninguém faz o reparo.

Quanta falta de preparo

(eu agora meto a lenha)

O discurso de Governo

Fica na “Maria-da-Penha”

E a Mulher sem proteção

É deixada quase prenha.

Não preciso de resenha

Pra marcar o meu despeito

O que temos na verdade

É UMA FALTA DE RESPEITO

COM A MULHER BRASILEIRA

Que parece não ter jeito.

Imagine algum sujeito

Dando amassos numa dama

Na mulher dum Deputado

Que vive na dinheirama

Isso tudo no transporte

Que não tem nenhuma cama.

A solução desse drama

Não passa por discussão

Basta separar os machos

Em total segregação

Um espaço só feminino

Vem a ser a redenção.