Cordel da Indignação

Do sertão ouve-se o grito do chicote,

Sertanejo sem terra, água e pão...

A peleja que vigora no torrão

Com os dentes afiados do serrote,

Move a vida numa faina sem ter norte,

Milagreiro sem fé e procissão,

Sem voz diante da nódoa da corrupção

Quase vencido pela morte.

Mas este povo valente, nobre e forte

Se apruma movido de paixão,

A bandeira lembra o valor do seu brasão

Que me valha o fervor da própria sorte.

O que se espera da navalha senão o corte.

Que se una com garra esta nação,

Nossa história manchada sem razão,

América o teu filho Brasil ainda é forte.

Lá em cima na região meridional

Há um povo que também é guerreiro

Que trabalha de janeiro a janeiro

Com seu grito contido sem rivais,

Vítima dos cruéis coronéis petroleiros

À míngua sem dinheiro e muito mais,

Um dolente retrato do povo brasileiro

Vivendo como se fossem marginais.

Lá em baixo entre Arroio e Farroupilha

Um braço forte de nossa agricultura.

Um povo marcado por sua cultura

Amarga a dor da mazela que desfila

De norte a sul seguindo a trilha.

A mancha corrupta ainda perdura,

Livres somos escravos da ditadura

Sob a batuta de tua autêntica filha.

Que não se dê vencida a minha nação,

Pois força ainda há pra sua conquista...

O seu braço é a lança da força ativista,

No seu peito reluz o brilho do brasão,

O teu sangue corre e bate no coração,

Todo filho deste país é um artista

Que na vida dá um show de emoção

Num talento do maior malabarista.

Até quando vai esse reino desordeiro

Que oferece migalhas ao invés de pão,

Sem saúde, segurança, justiça e educação,

Dignidade a todo filho deste rico celeiro.

Governo tirano que esmaga o cidadão,

E se farta do esquema da corrupção.

Um dia espero que todo filho desta nação

Não se envergonhe do governo brasileiro.

Ademar Siqueira
Enviado por Ademar Siqueira em 22/05/2015
Reeditado em 23/05/2015
Código do texto: T5250777
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