O TEMPORAL DE AREIA VERMELHA

01 Das minhas veras lembranças

Estou sempre escrevendo,

Pois muito andei na vida

Os caminhos percorrendo

E vários acontecimentos

Marcaram os tais momentos

Daquilo que eu fui vendo

02 Certo dia, numa tarde

Quando ao sol ia entrando

Pela estrada que eu ia

Vi uma nuvem formando

Era como um nevoeiro

Tendo um fulgor vermelho

Pelo sol iluminando

03 No avanço que eu fazia

Ia em sua direção

Confesso que eu fiquei

Com uma certa apreensão

Parecia ser um manto

Vermelho, de dar espanto

Por sua coloração

04 Ao ver a anomalia

Eu pensei em desviar

E pela campina ao lado

Meus passos continuar

Mas pela gama da sorte

Ao olhar do sul ao norte

Tudo estava a avermelhar

05 Em menos de um minuto

Logo me vi envolvido

E me senti sufocado

E surdo de um ouvido

Aquela vermelhidão

Era pó em profusão

Pelo vento difundido

06 A densidade era tanta

Que não pude respirar

E sem ver pra onde ir

Eu resolvi me deitar

Assim eu aguardaria

Que aquilo passaria

Pra que eu pudesse andar

07 Mas a nuvem de poeira

Demorou pra se mover

Eu pus um lenço na boca

E no nariz pra proteger

Pois se inalasse aquele pó

Eu estaria sem dó

Prontinho para morrer

08 Felizmente o vendaval

Mentor daquela poeira

Depois de uns dez minutos

Parou a sua zoeira

Entretanto no horizonte

A noite surgiu vibrante

Me envolvendo em sua beira

08 Para não seguir no escuro

Sem ter um destino certo

Eu procurei por ali

Algum barranco por perto

Para poder me abrigar

Até a noite passar

Debaixo do céu aberto

09 Confesso que me senti

Completamente perdido

Visto que tudo estava

Pela noite, escurecido

Porém algo aconteceu

Quando um moço apareceu

Como do nada saído

10 O importante do fato

Que marcou a minha mente

Foi que eu era um conhecido

Daquele espécie de ente

Pois que não era humano

Eu podia ir notando

Pelo seu jeito aparente

11 Com voz calma e compassada

Dele eu pude ouvir:

-Veja ali ó Peregrino

Onde você vai dormir.

Aquela é a Bela Mansão

Onde os peregrino vão

Quando a vida concluir

12 Foi assim ó meus leitores

Que vivi aquele fato

No outro dia entretanto

Com o sol já indo alto

Foi que então descobri

Que aquela noite eu dormi

Sob um pé de jenipapo!

13 Até hoje quando lembro

Daquele incrível incidente

Eu procuro recordar

O que houve realmente

Acho que tive um sonho

Pra minha mente ter ganho

Pra compor este repente!