A História fará sua homenagem a figura de Antônio Conselheiro

Num profundo deserto sem ter fonte

Já surgiu um regime igualitário

Que o justo já sexagenário

Fez erguer-se a cidade Belo Monte

Para então vislumbrar no horizonte

Sem maldade, sem crime, sem dinheiro,

Sem bordel, sem fiscal, sem carcereiro

Mas foi morto e tomado por selvagem.

A história fará sua homenagem

À figura de Antônio Conselheiro.

Quem viveu ao seu lado, sempre quis

Ter real o que era fantasia

O reinado do céu não prometia

Sim o reino da terra mais feliz

Afinal só o povo do país

Pode dar o retrato verdadeiro

Deste líder autêntico mensageiro

Que alguém deformou a sua imagem.

A história fará sua homenagem

À figura de Antônio Conselheiro.

Masseté, Uauá, Paraguaçu,

Catinga, Faxeiro, Mororó,

Cambaio, Caipã, Cocorobó,

Monte Santo, Favela, Trabibu,

Beatinho, Abade, Pajeu,

Vilanova, Brandão e Fogueteiro

Macambira, Lalau e o Sineiro,

Timóteo lendário personagem.

A história fará sua homenagem

À figura de Antônio Conselheiro.

Oh! Canudos país da promissão

Foi injusta e cruel a sua guerra

Tu que eras abrigo dos sem terra,

Sem família, justiça, lar e pão

O jagunço era apenas um irmão

O fanático somente um companheiro

Junto ao mestre encontrando paradeiro

Confiança, família e hospedagem.

A história fará sua homenagem

À figura de Antônio Conselheiro.

Só o Vaza Barris tão solitário

Vive lá como um símbolo e uma prova

De Canudos, Igreja, Velha e Nova,

Linha negra, trincheira, santuário

Malassombro de latifundiário

Coronel poderoso e fazendeiro

Houve mesmo esse reino alvissareiro

Que muitos tomaram por miragem.

A história fará sua homenagem

À figura de Antônio Conselheiro.

Sertanejos morrendo de magote

A bandeira rasgada era um molambo

O quartel sem guarita era o mocambo

A trincheira era grimpa do cerrote

A metralha o feioso clavinote,

Baioneta era a lança do carreiro,

A corneta era o búzio do vaqueiro

Guarda peito gibão sua roupagem.

A história fará sua homenagem

À figura de Antônio Conselheiro.

Quase dez mil soldados de elite

Quatro bons generais lhe dando apoio

Bivaque arsenal boia e comboio,

Com dezoito canhões e dinamite,

Numa guerra civil sem ter limite,

Não um simples conflito passageiro,

Brasileiro matando brasileiro,

Os vencidos mostrando mais linhagem.

A história fará sua homenagem

À figura de Antônio Conselheiro.

Era a luta da foice e do fuzil

O facão enfrentando artilharia

Uma nódoa no nome da Bahia

Uma mancha no nome do Brasil

Mas talvez que no ano de dois mil

Esse nosso nordeste brasileiro

Seja outra Canudos por inteiro

Mais gente, mais garra e mais coragem

A história fará sua homenagem.

À figura de Antônio Conselheiro.

Uma lembrança poética e uma singela homenagem a poesia nordestina.

Gereba e Ivanildo.
Enviado por Ademar Siqueira em 26/08/2015
Reeditado em 26/08/2015
Código do texto: T5360390
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