CORDEL - Termos e expressões nordestinas (2) – 11.10.2015
 
CORDEL – Termos e expressões nordestinas (2) -11.10.2015 (PRL)
Oitavas de sete sílabas poéticas
Esquema das rimas ABABCDCD
Elisão optativa
 
Uma explicação: Estou traduzindo aqui meramente o que diz os dicionários de termos e expressões nordestinas, não passando em nossa mente qualquer pensamento de denegrir ou mesmo de tornar o texto desrespeitoso. Muito obrigado.
 
(1)
Eu não queria, mas vim,
Continuar o cordel
Porque o tal “alfinin”
Come-se aqui a granel
Um tipo de
 rapadura
Que leva ovo o grosso mel
Quando vê ninguém segura
É de tirar o chapéu
(2)
Encontrei numa sucata
Um chinelo diferente
Era uma “alpercata”
Isso que calça a gente
Nada mais do que sandália
De couro, bem construída,
Cujo preço uma migalha
Facilita nossa vida
(3)
O que seria “altear”
Não fosse subir o som
E seu volume aumentar
Mas é subir qualquer coisa
Menos uma diferente
Porque isso só milagre
E ninguém fica contente
Nem mesmo a nossa comadre
(4)
Quero bem “alumiar”
Focar a luz sobre alguém
Para poder clarear
E não ficar no além
Pois é isso: iluminar
Aqui no nosso nordeste
Quero contigo sonhar
Pois sou um cabra da peste
(5)
Sabe que tal amigado
Que vive maritalmente
Com a mulher do mercado
Com a cara de decente
Ele é um “amancebado”
Com boa sorte na vida
Anda de terno listrado
Com a mulher distraída
(6)
Temos a “cor de laranja”
Que sai da bela mistura
De tintas como que canja
Na paleta de pintura
É amarelo queimado
É só experimentar
Pois já está comprovado
Sua tela vai bombar
(7)
O sujeito que é mesquinho
Todo mundo logo vê
Fica bem escondidinho
Nada paga pra você
Aqui se chama “amarrado”
Paga nem promessa a santo
Um sujeito arretado
Por aqui não causa espanto
(8)
Há também “amolegar”
Coisa que faz muito bem
Que significa apalpar
O corpo ou parte de alguém
Pra subir nossa libido
Com vontade de lascar
Aquele fruto proibido
Resumindo: Garanhar.
(9)
Cara que sempre aparece
Que tem dinheiro ou poder
Desse ninguém esquece
Mesmo depois de morrer
Pois esse tal “amostrado”
A saudade aqui não deixa
Já partiu pra novo lado
Nunca perderá a pecha
(10)
“Ande Tonha!” é demais
Chega a ser interessante
Não esqueço nunca mais
Claro não sou um farsante
Pois a expressão popular
Dá-se ao ato sexual
Seja mesmo copular
Esse que a ninguém faz mal
(11)
Esse é demais curioso
Lá vem tal “anel de couro”
Um nome muito pomposo
Que aqui vale um tesouro
Falo de Ânus minha gente
Que pode rimar com tu
Nada fica diferente
Pois elimina o angu
(12)
Não venha me encher o saco
Querendo-me “aperrear”
Você sabe que ando fraco
Desejo me concentrar
Quero soltar meu rompante
Na mulher “apetrechada”
Muito bela e elegante
Merece uma cutucada
(13)
“Apois” eu sigo versando
Aqui com os meus botões
Devagar vou ensinando
A linguagem dos torrões
Esse termo é concordância
Que expressa afirmação
Sim senhor com tolerância
Jamais posso dizer não
(14)
Não venha me aborrecer
Nem também me azucrinar
Eu só peço pra você
Não quero me chatear
Quando fico p da vida
Nem suporto retornar
Adoro fruta roída
Não é bom se “apoquentar”
(15)
Arrumado, bem vestido,
De bons modos, tão bonito,
Pra sempre é substituído
Não vivem pro infinito
Então esse é “aprumado”
Pessoa bem diferente
Na vida tem seu traçado
Enganando toda gente
(16)
Quando um sujeito disser
Que está “apurrinhado”
Entenda o que quiser
Mas está puto o safado
Topando qualquer “arenga”
Que se traduz numa briga
Seja com homem ou com quenga
Cabeçada na barriga
(17)
Falemos do “ariado”
Coisa fácil por aqui
O cara desnorteado
Querendo fazer xixi
Também “arriar fivela”
Num dançar bem apertado
Ralabucho de banguela
Por vezes já “encaibrado”
(18)
E tem uma interjeição
Quer dizer coisa qualquer
Até comemoração
Pense lá o que quiser
Simplesmente tal “arre égua!”
Que pode ser alegria
E parece muito brega
Fala-se na nostalgia
(19)
Quando se está “arretado”
Bom, legal e até perfeito
Assim para qualquer lado
Nada pode ser desfeito
“Arribar” é ir embora
“Arrochado” é valentão
Arroto de cu é peido
Quer no agreste ou no sertão
(20)
“Arrudiar”, dar a volta,
Ao redor d’alguma coisa
Com cuidado não entorta
Coisa e tal coisa e loisa
Parecido com o galo
Arrodeando a galinha
Quando vejo não me calo
Tenho dó da pobrezinha.
 
 
Ansilgus.
 Fonte da foto: GOOGLE (Pedida autorização).

17/10/15 23:41 - Isabelle Mara interagiu assim:

Eu também sou nordestina
nasci lá no Ceará.

 Adoro uma canjiquinha
que aqui chamam mungunzá...
Às vezes dá uma saudade

de quando eu vivia lá,
Aí renovo a vaidade
de ser filha do Ceará!

 
18/10/15 23:14 - Mariana Mendes
Gosto de escrever cordel
Não por dom, por simpatia,
Jogo a rima no papel
Assim meio à revelia
Mineira ressabiada
Mas gosto de desafio
Com essas dicas repassadas

 Vou fazer um corrupio

Abraços mineiros pra você e minha saudação ao talento pernambucano.
Bom final de domingo, boa semana, Ansilgus.


19/10/2015  - Norma Aparecida Silveira Moraes interagiu assim:
 
MUITAS DESTAS EXPRESSÕES
A CAUSA É DE EMOÇOES
FALAM EM MINAS GERAIS
JUNTANDO TODOS OS AIS
NOSSO BRASIL TÃO LEGAL
COM DIALETOS ORIGINAIS
COM UM POVO BEM LEAL
COM DIFERENTS MUSICAIS
 
 Gostei demais, alguns são falados no interior de minas de onde em vim. Eta Brasil bom e especial. Terra de luz e paz. Adorei fazer uma visita e já agradeço a sua. Aplausos mil. paz e luz.

 22/10/15 19:55 - Miguel Jacó abrilhantou minha página com essa interação abaixo. Muito grato meu amigo.

Um cordelista incita outro,
E a escrita se encorpa,
Cada um com sua árvore,
Que tem diferentes copas,
Mas a sombra é a mesma,
E a poesia nos conforta,
No nordeste ou sudeste,
A vida é mero galope.

 
23/10/2015 09:47 - Jacó Filho colaborou com belos versos:
 
Bebi água de cacimba,
Fiz alfinin e rapadura...
Rocei para agricultura,
Usando muita catimba...
Cada moleza era pimba,
E sem escutar oxente...
Sem perceber a gente,
Deus oiava lá de cima...
 
 Parabéns! E que Deus nos abençoe e nos ilumine... Sempre...

25/10/2015 02:10 - Aila Brito assim interagiu…muito grato:
 
Maravilha... Arretado de bom esses cordel! AMEI, mestre!
 
Nordestina sim Senhor
Do sertão do Piauí
Aqui faz muito calor
"Liseira" tem por aqui
Quer dizer muita pobreza
Falta de dinheiro sim
Tem também muita beleza
Novidade e botequim
 
Têm jazidas de opala
Raridade no planeta
"A bela, o olho arregala"
Vê a joia puxa a caneta
E não é pra "engabelar"
É a verdade, eu não engano
Nem vim aqui pra "frescar"
"Não tiro sarro... Ó fulano"
 
Vou ficando por aqui
Não quero "botar catinga?
Atrapalhar... Pensa aí
Nem com passe de mandinga
Vou é espancar a lôra
De ua cerveja não desprego
Na companhia de ua doutoura
Mando o resto "à caxaprego". (lugar distante).
 
 rsrs. Votos de um excelente e inspirado domingo! Abraço.
 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 17/10/2015
Reeditado em 27/10/2015
Código do texto: T5417354
Classificação de conteúdo: seguro
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