Já bebi muita cachaça
Nos tempos de rapazinho
Mas nunca quebrei vidraça
Pois tomava de mansinho
Pior de tudo era o cheiro
Ao garçom um pixuleco
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco
(2)
Bêbado nunca ficava
Bebia só mesmo em conta
A cabeça sim girava
Mas nunca ficava tonta
Mas via um nevoeiro
Que me dava logo um treco
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco
(3)
Beber sozinho jamais
Sempre havia um amigo
Pessoa sempre capaz
De até disputar comigo
Geralmente um açougueiro
Que bebia num caneco
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco
(4)
Nessa nossa bebedeira
Cada qual pagava a sua
Era assim só brincadeira
Ninguém dormia na rua
Depois veio um jardineiro
Que parecia marreco
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco
(5)
De vez em quando pintava
Uma gostosa vitela
Com bola nos conquistava
Se fazendo de donzela
Que se vendo no atoleiro
Oferecia o tareco
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco
(6)
Meu amigo tão sabido
Querendo ser bonitão
Por vezes introvertido
Sempre de jornal na mão
Desses que é fofoqueiro
Jornal não, um jornaleco,
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco
(7)
Tira gosto variava
De caranguejo a sardinha
O estômago reforçava
Ia até de manhãzinha
Pela hora do leiteiro
No meu relógio eu checo
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco
(8)
Mas o dono da barraca
De vez em quando tomava
Sua cabeça era fraca
E logo nele pegava
É assim o barraqueiro
Principalmente o sueco
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco
(9)
Depois chegava uma turma
Tocando seu violão
Que agora ninguém durma
Por favor, preste atenção,
Um bando de seresteiro
Tinha até o reco-reco
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco
(10)
Altemar o preferido
Mas o Waldick também
E Nelson não esquecido
Com o vozeirão que tem
Vinha até o biscateiro
Falava de fazer eco
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco
(11)
Quando o sol aparecia
Mostrando tal claridade
Ao longe logo surgia
As mulheres de verdade
Pro trabalho bem ligeiro
Sempre dobrando no beco
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco
(12)
Fazer seresta é demais
Para a mulher sua amada
Mas isso ficou pra traz
Os jovens não sabem nada
No surfe gasta o dinheiro
Quem é corcunda é marreco
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco
(13)
Mulher quer mesmo é carinho
Seja lá de quem quiser
Gosta do imprensadinho
E também do arrasta pé
Quem faz mala é maleiro
Livro pequeno é livreco
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco
(14)
Mas quando o cara farrapa
E fica sem dar no couro
A fêmea lhe joga farpa
Não quer perder o tesouro
Então chega o aventureiro
Usando seu bom jaleco
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco
(15)
Mas apelando pro azul
O cara quer reagir
Pensa no norte e no sul
O bicho só quer cair
Fracassa o grande guerreiro
Pede socorro ao padreco
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco.

Fonte da foto: Internet/GOOGLE
 
Ansilgus
06/11/15 09:51 - Jacó Filho, grande mestre das letras nos mandou essa interação:

Costela de boi assada,
O tira-gosto preferido...
E na cozinha escondido,
Uma garrafa era traçada...
Depois eu saia faceiro,
Pois era bom de caneco...
Cavalo de cachaceiro,
Vai direto pro boteco...

Parabéns! E que Deus nos abençoe e nos ilumine... Sempre.
 
07/11/15 12:32 - Miguel Jacó como sempre interagiu com brilhantismo:

Sou nascido na Caatinga,
No sertão de Pernambuco,
Cidade de Araripina,
Terra de homens malucos,
De mulher linda e faceira,
Com amor de destino certo,
Cavalo de cachaceiro,
Vai direto pro boteco.

Namorei poucas donzelas,
Nunca comi nem uma,
Havia uma conduta,
Que hoje não se comunga,
Mas norteou meu preceito,
Esta virtude singela,
Cavalo de cachaceiro,
Vai direto pro boteco.

Boa tarde Ansilgus, parabéns pela defesa primorosas deste sugestivo
mote, e minhas reverências a incisiva interação do mestre Jacó Filho,
um abraço a vocês, com votos de um final de semana de muitas
satisfações, MJ.

08/11/15 13h03min - Levi Madeira assim contribuiu:

Eu já vi uma desgraça
Facada no coração
O cara bebeu cachaça
E se tornou valentão
De sangue fluía o cheiro
Daquela facada o eco
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco....
 
Parabéns Ansilgus
pelo lindo cordel, abraços! Levi Madeira

08/11/2015 16:55 - Vânia Gomes interagiu, como sempre, de maneira muito linda: Nossa gente sempre elege
Um sujeito bom de lábia
Depois se mostra um herege
Estratégia nada sábia
Mas o cara é zombeteiro
Suas palavras são eco
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco.

08/11/2015 18:33 - Alfredo D Alencar, também interagiu, grato:
Ansilgus, Ó meu compadre
A tua bela poesia
Dispensa reza de padre
Vale tua Ave Maria
Nesse tom belo e faceiro
Ressaca dispensa o médico
Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco.
 
RosaAmbianse assim interagiu...muito grato:
 
 
Sou Poetisa da Bahia
Dizem que aqui o povo é faceiro
Sou mulher do verso e da alegria
A palavra solta, sempre abeco,
Já vi gente beber e ver nevoeiro
Já vi o cavalo do cachaceiro
Ir certeiro direto pro boteco.

08/11/15 23:37 - Aila Brito

Boa noite, Ansilgus! Genial! Motes sempre extraordinários;
inspiradores... Parabéns pelo excelente cordel! Deixo aqui uma singela
interação:
 
Tal peixe, peixinho é
Diz o dito popular
Um ébrio e um pangaré
 Rumam pro mesmo lugar
 Não desgruda do parceiro
Seu Joaquim é o seu baleco
 Cavalo de cachaceiro
Vai direto pro boteco.

Abração.

 09/11/15 17:40 - Norma Aparecida Silveira Moraes mandou sua interação...muito grato:


TEMPO BOM DE LEMBRAR
NAS LEMBRANÇAS BUSCAR
NA ALEGRIA EMBRIAGAR
E MAIS CACHAÇA TOMAR
O TEMPO BOM DE VIVER
NÃO HAVIA QUASE AMBIÇÃO
QUE CONTAVA ERA PRAZER
E ALEGRAR O CORAÇÃO
 
 QUE LINDO!! QUE BOM QUE VOCÊ COLOCOU COMO
SE FAZ UM CORDEL, SEMPRE TIVE CURIOSIDADE  MAS NÃO TINHA AS DICAS.
TENTEI, UM PEQUENO, MAS AINDA VIRÃO OUTROS...APLAUSOS A TODOS