CORDEL
O meu dia é feito de poema
e o ar que inalo é alegria
o que injeto na veia é poesia
e alimento o meu vicio nesse esquema
eu escrevo e declamo em qualquer tema
quando o efeito da droga me alicia
pois consumo e trafico poesia
e se acaba o que eu tenho de valia
vou furtar num livreto de papel
vou a boca de fumo de um cordel
me abasteço e trafico poesia
tenho em casa uma artilharia forte
que costumo levá-la por onde vou
pois herdei do meu velho e finado avô
que até hoje de cima me dá sorte
se não fosse a danada dessa morte
que carrego tristão no dia a dia
meu avô tava ai com a artilharia
assaltando esse nosso mundaréu
com uma arma chamada de cordel
que propaga o poder da poesia
pra cada canto que eu olho
e com fome e sede vou seguindo
vejo um verso tão forte se bulindo
não me importando que cor está o céu
vejo a vida tornar-se mais bonita
quando posso deixar na minha escrita
a beleza pura de um poema
que improviso e declamo em qualquer tema
pra você que como eu já se fez réu
por viver debaixo desse céu
de um mundo que existe no cordel
nesse universo chamado poesia!
Inspirado no poema de cordel de Thiago Martins, ao qual e a Patativa do Assaré dou todos os créditos