O SÁBIO
Numa manhã solitária
Devotada à formação,
Com gosto faz a lição
Sob a paz tão mortuária.
A sentença corolária,
Infeliz, o faz silente;
Mas a verdade não mente,
É preciso conhecer;
Pois quem fala sem saber,
Torna-se incoerente.
À luz do conhecimento
É que nasce o homem sábio.
Manuscrito e alfarrábio
Dão-lhe paz e alimento.
Mas o mundo violento
Não lhe quer reconhecer;
Muito menos bendizer
Tudo aquilo que ensina
E com raiva vaticina:
O sábio tem que morrer.
Mas a morte corporal
Não lhe traz qualquer temor;
Pois sabe que seu valor
Não é causa temporal.
O que ensina é imortal
Mesmo sendo ignorado;
E apesar de isolado
Segue firme sua missão;
Mesmo sem ser campeão,
Preferido ou escutado.
Para o sábio não há glória.
Afinal, não é herói!
Acham que nada constrói,
Que não luta por vitória.
Vive de forma simplória,
Sem as pompas do poder.
Mas um dia hão de ver
Que sua fala era verdade
E que a vil deslealdade
No silêncio o fez sofrer.
(EDUARDO MARQUES 08/05/15)