O LEGADO DO CAPETA

Conta uma gente boa

Sempre pronta pra contá!

Em cordel já pendurado

Pelos fios do tal “legado”

Sobre um chão tão fustigado...

Causo dos mais engraçado

De se rir ...até chorá:

De “as coisa” não segurá!

Que nuns tempos coroado

Pelos reis todo pelados,

De bons vento inventados

Pra mode o povo o sonhá;

Lá chegou no povoado

A promessa dum legado

Pra mode o povo votá

E a vida arranjá.

A palavra era bunita

Povo bom nunca duvida

Intão... sempre acredita

Que é possível melhorá!

Gente de punho suado

Do trabaio, acostumado

In tudinho acreditá...

Pronto a colaborá.

A promessa era esquisita

Vinha em fala polida

Muito linda de escutá!

Em meio a gente sofrida

O discurso intão soava...

Pela sina desandada

Da vida já tão danada

A quem muito trabaiô!

Mas que nada aproveitô!

Pouca gente acreditô...

É mió intão contá

No intuito de avisá.

Todo mundo então dizia

Que preciso se fazia

Intendê a tar palavra

Tár “legado” tão falado!

Nos discurso arretado.

Boa gente me contô,

Que o povo já cismava:

“E se é coisa oficiosa

Só conversa maviosa?”

O povo se preocupô.

Um matuto então gritô

Com zóio arregalado

Todo bem aparatado:

-vamos oiá no dicionário!

Ô povo, não somo otário!

Essa coisa de legado

Pode dar már resultado

Eu já li lá no jornal

Truxe aqui no meu bornal!

Pra mustrá a vosmecê

como se pode sofrê!

Mió é prestá atenção

Em toda má intenção!

No conselho do matuto

Pra vencer todos astuto!

Todas as farsa caridade

Mermo nas grande cidades,

Tá morrendo na sardade!

Todo mundo se asssutô

Com as coisa que ele contô,

E tão logo concordô!

Depois disso merecia

Dar a vista com cuidado

A expricá “o que era legado?”

Direitinho explicado

A toda população.

O matuto já sabia

Que quem ouve só poesia

Não enxerga o coração:,

-Pode parecer só bão!

Intão veio da cidade

Toda a otoridade

Pra mode ler no livrão

O das palavras exrpicada...

E expricá com precisão

Se a coisa de legado

Não era coisa de safado.

O que teria que pagá...

Para o povo intão ganhá

A tar promessa prometida

Em legado construída,

Coisa até bem enfeitada

Parecia arretada!

Pronta para ser vendida

Para as próxima geração...

Expricaram como se exprica

A toda a vida sofrida

Transformada em ilusão.

Era como bela herança!

Como as coisa dos bacana?

Ou só erguida de esperança...

Lá deixada em redenção

Quar miragem em oração?

Veio o padre, o delegado

O prefeito preparado

Todos em bem fino trato

Pra tudinho expricá:

No legado construído

Tudo ali era bendito!

Do mió ao "meu povão"

Sem toda sofreguidão!

Parecia até que bão!

Lá teria mais dotô...

Pras doença intão curá

A de desacreditá:

Pra mode pudê sonhá!

Todo eles ajuntados

Quar farinha em mesmo saco

Prometiam um grande pão!

A expricá que o legado

Tinha que se elegê

Pra mode ele aparecê!

Um futuro prometido

Desde que fosse vendido

Os ossos de vosmecê!

O povo já carcomido

Por tanto tempo sofrido...

Nem ia se apercebê.

Mas fico discunfiado...

Se votasse no legado:

Ia ter o que comê?

No dia da votação

Conta o causo mais falado

Na cordel do tar legado:

que já prontinho pra votá...

Puseram pra discursá

O matuto da cidade...

Que com toda propriedade

Discursô pra alertá:

--Gente do meu coração

Vamú prestá atenção:

Já levaram o entendimento

Nada sobra ao momento,

Só o fardo e o jumento!

O legado é do capeta!

Querem é a coisa preta

Difícil de consertá

Pra o coisa ruim reiná!

Querem roubá nossa alma

De corpo já a morrê...

Mode os bolso enriquecê!

Para a História escrevê:

O causo foi registrado

E pras bandas divulgado

Que o povo já avisado

Intão fez por merecê

E na hora do sufrágio...

Tudo preste a perecê

Pôs os LEGADO a corrê:

Pra mode sobrevivê.