Quatro Rios
I
AMAZONAS: grande rio,
Caixa - d'água do universo,
Que não cabe no meu verso,
Quase não seca no estio.
Mesmo em calor de rachar,
Ele sempre está se enchendo;
Pela floresta correndo,
Segue em direção ao mar.
II
Com luta, com resistência,
A pororoca se forma,
Pois ele não se conforma
E quer mostrar competência.
Então resolve lutar
Sabendo que vai perder.
Ninguém consegue vencer
A dura cerviz do mar.
III
RIO NILO: azul brilhante,
Levando vida à Nação,
Rica civilização
Em um deserto escaldante.
A terra fertilizando
Pelo deserto a correr
E para o mar vai descer,
Pedras e dunas banhando.
IV
Com grande povo a seus pés,
Ele segue sem parar
Com destino ao "Grande Mar",
Vai fugindo das galés.
Vale dos Reis a passar
E ele seguindo a correr,
Pois ninguém pode vencer
A dura cerviz do mar.
V
DANÚBIO: ele serpenteia,
Vai separando nações,
Visigodos e Valões,
Francos, Eslavos... na veia
Correndo sangue europeu.
Banha muitas capitais,
Campos e montes rurais,
E tudo ao redor é seu.
VI
Vai desaguar bem distante,
No litoral dos Romenos.
Com descaminhos amenos
Ele chega relutante,
Volta atrás e quer lutar;
Pena que não vai poder:
Não conseguirá vencer
A dura cerviz do mar.
VII
GANGES: o rio sagrado
Que, descendo da montanha
Dos braços de Shiva, banha
Todo o Vale abençoado,
Onde o povo tem certeza:
Quem no rio se banhar,
Pode se purificar
Do pecado, da impureza.
VIII
Outros rios deste mundo
Têm grande significado,
Cada qual tem seu legado,
E seu valor mais profundo.
Mas eu tentei retratar
O que eu pude perceber:
A intrepidez de vencer
A dura cerviz do mar.
IX
Os rios estão morrendo...
Se não nasce um rio novo,
Quem vai cuidar desse povo
Que só vai e vai crescendo?!
Tudo pode se acabar...
Os rios não vão poder
Sozinhos, sujos, vencer
Um rival maior que o mar.
***
(28/9/2009)