Os viciados do exame de próstata

Os viciados no exame de prósta: seu Fifó, Pato Rouco e Chico Bode

Por Airam Ribeiro

Liebeto:

Aceitei o teu desafio

Por ser um bom cantador

Cordelista que se presa

Não tem fama de corredor

Sou repentista com a caneta

Que guardo na minha gaveta

Um diploma de trovador.

Com respeito e carinho

Brinco com felicidade

Não quero aqui magoar

Nestes versos sem maldade

Estou aqui a compor

Para os feras do humor

Da rádio nova cidade

A história de três rapazes

Que pediram pra eu contar

São eles bom de conversa

E que gostam de sacanear

Os calouros quando aqui vem

Nesta rádio de Itanhém

Com vontade de ganhar.

A próstata de um jovem

Não tem nela inflamação

Um jovem fazer este exame

Só vai com outra intenção

Mais foi assim que aconteceu

Com estes três amigos meus

Que caíram nesta ilusão.

Estes três bons meninos

Que gostam de dar vexame

Um dia foram encontrados

Numa sala fazendo exame

Só para o dedão receber

Acharam que já deviam ter

Idade igual um enxame.

Eles ouviram falar de um médico

Que da próstata era o tal

Que tinha grosso e grande

Um dedo fora do normal

Nos rostos alegria demais

Na esperança de levar por trás

O dedão nas partes anal.

Um deles muito ansioso

Que conhecemos por seu Fifó

Foi logo descendo as calças

Pra mostrar o seu fiofó

E com bastante vaselina

Nem ligou pra sua sina

Vendo o dedão do Dotô Coió.

Alegria estampada

Via-se na cara do condenado

Que só saiu do consultório

Quando o dotô gritou: ta terminado!

Mas com duas semanas passadas

Olha que este camarada

Já estava de exame marcado.

Disse o médico este exame

Com mais um ano é que pode fazer

Você gostou tanto do dedo

Que eu fui lhe meter!

Olhe aqui seu Fifó

Deste seu bixin tenha dó

Você tem que se conter!

Já no outro consultório

Estava lá de plantão

O Sr Pato Rouco

Pra também levar o dedão

Estava numa euforia

Na cara só via alegria

A espera da grande ocasião.

Quando o médico abriu a porta

Já estava de calças arreadas

Quando o dotô viu aquilo

Falou, espera meu camarada!

A vaselina acabou!

Num tem importância seu dotô

Pode preparar a dedada!

Pato Rouco tava de quatro

Com seu buraco rapado

O médico vendo aquilo

Disse pobre coitado!

Tão depressa viciou

Nem os quarenta esperou

Já veio logo adiantado!

Então o dotou preparou

E enfiou o dedão no ôco

Qui o pato gemeu tanto

Que ficou ainda mais rouco

Quando o médico falou, acabou!

Não, não, não seu dotô

Eu achei que enfiou pouco!

O senhor nem rodou

Como fez com o do seu Fifó

Porque só comigo

O senhor ta tendo dó

Eu esperei por este instante

Pode enfiar bastante

Não existe coisa melhor.

Noutra sala já se encontrava

Chico Bode já preparado

Numa coceira danada

Naquele buraco rapado

O médico quando chegou

Olhou bem e observou

Aquele trem avermelhado.

E disse: seu Chico Bode!

Um caso eu vou lhe contar

Quando eu metê o senhor geme

Pra podê mais observar

Ai, ai, ai, a, ai seu dotô!

Essa gemesão meu senhor

Agora vou lhe explicar.

Quando eu tirei o dedo

Nas feses veio um amontoado

De vermizinha oxiuris

Saindo por todos os lado

Essa coceira que você tem

São as oxiuris também

Que te deixa descontrolado.

-Chico Bode o senhor não sabia

Desta coceira danada?

-Sabê inté queu sei seu dotô!

Tenho uma história contada

E vou contar sem ter recêi

Tudim o qui já passei

Cum essas vremis iscumungada.

Foi num apertu qui passei

Na Praça da Prefêitiura

Condo incrontei uma moça

Qui coisa de furmuzura.

Ela mi xamô preu sentá

Mai dotô veja qui azá

Qui mi deu uma amargura.

Sentadu com ela no banco

Eu me sentia nas artura!...

Foi condu uma coçêra danada

Apariceu nas fundura

Quanto mais qui eu coçava

As bixas se espaiava

As vremizinha oquixiura.

A moça falano umas coisa

Eu só coçano atráis!

Quanto mais qui eu coçava

Aí é qui quiria mais

Então pedí licença préla

E dei di pé nas canela

Pra ir coçá lá mai distrais.

Quais qui rasgô o buraco

Aondi elas friviava

Fui na farmácia ligêro

Pra vê si elas eu matava

O pir pan logu eu tumei

Duas caixa logo duma vêis

Para vê si eu discançava.

Di noiti aquelas bixas

Paricia inté qui saia

Pois coçava nas pernas

Inté pertu da viria

A cocêra era tanta

Qui apelei pruma santa

Qui no artá izistia.

Mi ensináro pra tumá

Um ta de ortelanzim

Inté o chá de puejo

Eu tumei um tiquim

Mai nada das bixa matá

Já cansei de tantu coçá.

Qui inframou o buraquim.

Inté qui mi insinaru

Botá u viqui vapurubi

Eu butei seu dotô

Mai gritei Deus mi acudi!

O cú de Chico Bode indoidió

As bixinhas si friviô

Qui ieu só cocei o qui pudi.

Quano botei o rimédio

Paricia qui ia voá

O buraco danava a arder

Qui num tava a suportá

A evaporação foi intranu

E no buracu si profundano

Qui cumesei a rezá.

Santo do céu que minscuita

Valei meu santo quarqué!

Vem min acudí digêro

Eu lis pesso cum muntia fé

Pur favô mande simbóra

Essas vremis min apavora

Mande elas pra lucifé.

Dotô!... Nem cum reza amiorô!

Inté lucifé num quiria

E eu aqui sofreno tanto

Cum aquela livuzia

Quanto mais qui eu coçava

É qui as bixinhas friviava

Tanto di noite cuma di dia.

Só miorava um tiquin dotô

Cum o supuzitóru qui eu botava

Cum aquele supuzitóro grande

Seu dotô cuma aliviava!

Mais é qui fui min acustumano

Do supuzitóra fui gostano

Mais as vermis num matava!

Valei meu Bom Jesuis

Pru favô vem mi acudí!

Manda essas bixa simbóra

Mai pra bem longi daqui

Manda pra casa de quem iscuitô

Qui seja lá cuma fô

Ta iscuitano este cordel aqui.

Fisso outra reza boa

E néça Jesuis ajudô

As oquixiura caíram fóra

Com isso inté mi aliviô

Elas intão foi simbora

Tumara qui elas ta agora

Lá na sua casa seu dotô!

Foi ancim qui cunticeu

Qui tudo se ascucedeu atrais

Eu lhe cuntei a istória

Num vô ripiti mais

O sinhô ta vendo elas nas bosta

Tô aqui fazeno o inzame de prósta

Pra vê se elas num vorta mais.

Daqui mais uma sumana

Chico Bode o sinhô vai vê!

Vô ripiti o inzame

Pru sinhô o dedão metê

Eu gostei daquela coceira

Quando entrô de primeira

O dedão de vosmicê.

Toda sumana eu vô taqui

Prêci inzame eu fazê

Tenho de ficá precavido

Pras verme num aparicê

Caso o sinhô num importa

Eu faço o izami de prósta

Toda sumana cun vosmicê.

Chico Bode meu amigo

O senhor ta num ingano!

Este exame é só feito

Somente de ano em ano

O senhor ta muito esperto

Você procure o Liebeto

Para ele ir te explicano.

Além do mais este exame

Não é pra saber se verme tu tem

É um exame diferente

E vai muito mais além

Uma próstata desgastada

Ela pode ficar saturada

E virar câncer também.

Eu vou te pedir um favor

É esta a vontade minha

Dê pra min este recado

Pra Liebeto e Curujinha

Diz que eu estou a esperar

Pra neles o dedão botar

E que venha depressinha!

Enquanto ao Zé Maria

Ainda não tenho intimidade

Pra lhe mandar este recado

Na rádio Nova Cidade

Mais quem sabe algum dia

Eu tenha esta alegria

Pra matar a minha vontade.

Ouvinte da rádio nova cidade

Que está ligado na gente

Digo que o exame de próstata

É feito só anualmente

Portanto não fique no engano

Faça você todos os todos os anos

Pra você não ficar doente.

Mas não faça como Pato Rouco

Chico Bode e seu Fifó

Que ficaram viciados

Com o dedão do Doutor Coió

Homem que é homem não vicia

Ele não terá essa alegria

Porque num ano é uma vez só.

São fictícios os nomes

Também pura coincidência

Se por acaso coincidir

Com o nome de vossa excelência

Faço literatura de cordel

Mais não sou um menestrel

O cordel é a minha tendência.

Itanhém 01/06/2008

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