Viagem a Pio IX
Quatrocentos ou quinhentos?
Seis horas ou mais?
Não importa a distância
Vou é com gosto de gás
Na BR-316, Demerval e Lagoa
Passo vexado demais
Monsenhor Gil e Barro Duro
Com as matas de Cocais
Até Passagem Franca
Vão ficando para trás
Um café em Elesbão
Deixa aceso e fulgás
Numa piscada de olhos
Vou passando de Valença
Observo a esquerda
A cidade bem serena
Lembro-me boas farras
Do Crovapi e as falenas
Vejo Inhuma de relance
Em Ipiranga nem pisco
Os seus brejos me encantam
Na paisagem me inspiro
E pé na tábua de novo
Ronca forte em alto giro
Por fora de Dom Expedito
Passo despercebido
Na Serra da Mirolandia
Me aumenta a libido
Pra comer uma castanha
Ou um caju escolhido
Com cuidado e perícia
Desço a Serra de Picos
Nossa cidade modelo
Atravesso atrevido
Bode assado no almoço
Mata bem o apetite
Cortando o sertão afora
Sigo a rota do caju
Entrando na BR-020
Vejo a linda serra azul
Santo Antônio dá boas vindas
Com seu suco de caju
Chico Santos e Monsenhor
Passo só pela entrada
É o sinal que tá chegando
O fim da minha jornada
Subo a serra empolgado
E entro na terra amada
O posto Fortaleza II
Fica logo na divisa
Chego na baixa do poço
E já sinto aquela brisa
Com cuidado, entro à direita
Pouco antes da Capisa
Os projetos na estrada
Passo cheio de amor
No São Luiz desço a serra
E já sinto um bom calor
Do povo que me espera
Sempre cheio de humor
De longe avisto a igreja
Coração logo dispara
A sensação se repete
Toda vez nessa estrada
Chego na terra querida
E já me sinto em casa
Quatrocentos ou quinhentos?
Seis horas ou mais?
Venho sempre a Pio IX
Nunca deixo para trás
Meu sertão, minha cultura
E cada volta é o mesmo gás.