O MEDO: DEUS DO MAR
O MEDO: DEUS DO MAR
Coimbra Zóloélo
Registro número 1005200215
01 Me vi navegando a noite
Contra um vento impactante
Meu barco quase afundava
Em meio às ondas gigante
Vivi momentos de medo
Mas descobri o segredo
Que só sabe um navegante
02 Em plena escuridão
Em meio ao mar revoltoso
Eu me senti um perdido
Num relance perigoso
Uma crista invisível
Pela água em desnivel
Fez-me sentir temeroso
03 Vi naquele torvelinho
Pelo olhar do meu ser
Que a morte estava perto
Para barrar meu viver
Me faltou a esperança
E até a confiança
Foi desaparecer
04 Naquele transe soturno
Sob a ira do vento
Me lembrava que o dia
Esteve lindo a contento
Porém quando a luz sumiu
Com o escuro surgiu
Aquele mar violento
05 Minha modesta canoa
Pelo vento açoitada
Mais parecia um bóia
Sobre a água encapelada
E por diversos momentos
Tive grande sofrimento
Pra não perder a parada
05 Naqueles relances rotos
Da água aos borbotões
Meus pensamentos bailavam
Pelo arrojo dos tufões
Eram lembranças de tempos
Que tive afundamentos
Nos tais de aluviões
06 Onde a água girava
Num embolo sugador
Eu notei um sumidouro
Chupando tudo em redor
Meu barco se envolveria
Para o fundo desceria
Sumindo_em meio ao fragor
07 Ali na falta de luz
E recursos inerentes
Minha chalana modesta
Ia descer a vertente
Num grande rodamoinho
Nascido do torvelinho
Em um mar inconcistente
08 Só me restava aquiecer
E destravar o timão
Pois marinheiro algum
Podia me dar a mão
Afinal era_aventura
Numa onda de amargura
Do oceano em convulsão
09 Percebi com duras penas
Minha nau submergir
Eu como um capitão
Teria que junto ir
Mesmo por que não havia
Nada que me salvaria
Do naufrágio me excluir
10 Pude sentir a hecatombe
E meu barquinho afundando
Como um último recurso
Eu pensei em ir pulando
Porém eu tinha certeza
Que minha fraca destreza
Não me daria comando
11 O vórtice do sumidouro
Deu no meu barco o sumisso
Eu porém tentei nadar
No aluvião sem remisso
Mas naquela afobação
A minha respiração
Se tornou sem compromisso
12 Ainda bem, que no auge
Do desespero e pavor
Acordei daquele sonho
Que se tornara um horror
Me senti aliviado
Mas tendo acelerado
No coração muita dor
13 Mas pude, da aflição
Tirar um um saber real
Entendendo que_os marujos
Passam por tal canal
Mas descobrem o segredo
Que um deus chamado medo
Ao mar dá o seu aval!