O MARTELO DO CIÚME

Vim aqui falar pra não me quedar louco

Assim, repartida, a dor é menos forte

Desabafo pra mó de encontrar um norte

Onde eu possa amenizar esse sufoco

Quem tem um amor, vai me entender um pouco

Se não for aquele cru, que não assume

Não serei um peixe fora do cardume

Em tratando-se dessa infeliz doença

Como pode causar tanta desavença

Essa peste sorrateira do ciúme

Em destroços deixa o peito de quem ama

Paranóica deixa a mente do indivíduo

Vendo coisas, examinando resíduos,

Oferecendo a felicidade às chamas

Ao menor sinal de fogo, o bicho inflama

Afiando o seu punhal de fino gume

Mesmo que seja clarão de vagalume

É motivo pra deferir a sentença

Como pode causar tanta desavença

Essa peste sorrateira do ciúme

Pelo tredo consumido, principia:

Arquiteta o enredo, ainda que desforme

De incredulidade e suspeita, não dorme

A voz da discórdia nunca silencia

E, mais uma vez, ao ver raiar o dia

Salta pra mais um mergulho no chorume

Do lixo da estupidez, chegando ao cume

Recebe a derrota como recompensa

Como pode causar tanta desavença

Essa peste sorrateira do ciúme

Cassio Calazans
Enviado por Cassio Calazans em 15/05/2020
Reeditado em 15/05/2020
Código do texto: T6947699
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