A LENDA DA MARIA DO LOBISOMEM
Reza uma lenda antiga
Dessas repletas de sonho e fantasia,
A estória do “Lobisomem Amante”
Que em noites de lua cheia
Quando seu sangue lhe fervia na veia
Se transformava em lobo esse homem
E saia a procura de virgens
E caso encontrasse a donzela
Ainda moça, intocada e bela.
Tão pura quanto o fruto da origem
Tomava a moça, não com fome de fera,
Não... Não estripava e nem devorava,
Mas, seduzia a moçoila com suave melodia.
Dizem que a moça desse encontro jamais se refazia
E ainda que a pobre se casasse
Nunca mais que era feliz de verdade
Pois que aquela fera indomável
Em sua virilidade, era um homem de verdade.
E como amante... Era incomparável !
Mas tinha lá pra essas bandas, uma rapariga.
Menina dada e atrevida de nome “Maria”
Que vivia suspirando de amor pelo lobisomem
E mesmo que seu problema não fosse à falta de homem
Pois que era graciosa e arteira, muito bem conhecida.
Deu-se de amores pela tal Besta-Fera
Mesmo sabendo que pro seu bico não era
Pois como um caçador de “cabaço”
Iria cair logo no seu laço?!
Mas quanto mais impossível parecesse
Mais dessa febre a moça padecesse
Não se sabe se o boato ganhou corpo
Só que um dia o lobisomem deu nesse porto,
E achou a Maria prontinha e na espera
Com uma fome muito maior que a da fera
E foi uma noite de lua daquelas compriiiiidas!
Cheia de uivo e de grito
Muito sussurro e gemido,
A moça e o lobo se devoraram inteiros
Numa consumição de querência que dava até desespero
O dia já tava bem amanhecendo quando o lobo fugiu
E Maria ficou uns dias se corroendo no cio
Não dormia e sonhava acordada
Dizem que já não falava nada com nada,
Mas pra encurtar essa estória de fato,
É que o lobisomem nunca mais caçou virgem
E Maria que antes era de qualquer homem
Foi trabalhar na costura e virou moça caseira
Só que em noite de lua cheia...
Bem... Ouvem-se uivos de lobo e gemidos de moça
Numa afinação lúbrica que pela noite ecoa!