ZÉ BAIANO E A MOÇA PRENDADA

Herculano era um pai amoroso

Ele tinha apenas uma filha

Que cuidava com todo carinho

Como na gaiola um passarinho

Se pudesse a deixava numa ilha

Bem longe de algum tinhoso

Era muito zeloso, porém ciumento

Não admitia que já namorasse

Com apenas dezesseis anos

Tinha para ela muitos planos

Se Lucinha caso se interessasse

Só com o seu consentimento

Foi quando por ali apareceu

Um sujeito metido a bacana

Por essas bandas foi morar

O cabra doido prá namorar

Com aquele jeito de sacana

Vendo Lucinha se rendeu

Disse é com essa que caso

Esse rapaz que veio da Bahia

José era seu nome de batismo

Mostrando logo seu romantismo

Conhecer a menina ele queria

Ela era como uma flor num vaso

Então alguns dias se passaram

E Zé Baiano como era chamado

Ficava olhando da sua janela

Que era defronte da casa dela

Bem cabreiro e muito cismado

Até que um dia seus olhos notaram

A bela Lucinha já havia notado

O olhar daquele rapaz estranho

Ficou feliz, coração palpitando

Era o diabo talvez lhe atentando

Tinha um desejo sem tamanho

Sentiu seu coração acelerado

Nunca namorou, agora sonhando

Deu prá ficar sempre na janela

Coisa que não era de costume

Até se arrumava, botava perfume

Não demorou muito e a donzela

Passava o dia ali suspirando

Zé Baiano como era atrevido

Fez então um aceno prá ela

Que respondeu com um sorriso

Prá ele foi mesmo um aviso

Pensou, tá no papo a Cinderela

Disse uma voz no seu ouvido

Logo os pais ficaram sabendo

Que Zé Baiano cortejava a filha

E esperou uma oportunidade

Prá saber da sua idoneidade

Ou se preparava alguma armadilha

Talvez de galã se prevalecendo

Sendo Lucinha moça prendada

Acostumada com vida caseira

Deixou Herculano preocupado

Ele disse que já tinha avisado

Tenha cuidado, não faça besteira

Prá não ficar sendo moça falada

Zé Baiano criou logo coragem

E com o pai dela então foi falar

Era sério, queria compromisso

E não se preocupasse com isso

Não ia sua determinação violar

Com ele não ia ter fuleragem

O namoro por certo foi consentido

Porém só na presença dos pais

Apenas duas vezes por semana

Pois a sua peça de porcelana

Essa não se quebraria jamais

Que não agisse como pervertido

Saiba que no meu Pernambuco

Ninguém admite uma dondoca

Criada com muito mimo e amor

Cause aos pais uma grande dor

Tenha cuidado com sua minhoca

Ou com o osso do mucumbuco

O cabra pensou, não tem jeito

Tenho que ser um rapaz decente

Principalmente aqui no interior

Reconheço, agora sou inferior

Não quero que o sogro esquente

Pretendo ser um bom sujeito

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 03/02/2021
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