CARA A CARA COM LAMPIÃO

Conta-se que num certo dia

Um homem sério e do bem

Se deparou com Lampião

Ali mesmo na sua região

Quando lá fora gritou alguém

Meu Jesus! Virgem Maria!

Ele só viu o povo correndo

Naquela maior agonia

E sem saber o que era

Só pensou na besta fera

No sol quente do meio dia

Ficando logo tremendo

Parado estava, parado ficou

Sem saber o que fazer

Estava ele numa bodega

Ao lado de um seu colega

Vendo o mesmo se benzer

Por Deus do Céu ele invocou

Então seu amigo logo correu

Deixando ele ali sozinho

Quando pensou em correr

Ele viu na porta aparecer

Lampião bem calminho

E quase de medo morreu

Lampião entrou bem devagar

Deixando sua turma lá fora

E com a cara mal humorada

Disse: eu quero uma lapada

Vá logo, não admito demora

Vou avisando, não vou pagar

O homem todo tremendo

Ficou olhando o cangaceiro

O mijo desceu pela perna

Pensou na figura materna

Diante daquele justiceiro

A vista já escurecendo

Com Lampião ali sem se abalar

Tomando a cana de cara feia

Que foi logo lhe encarando

E também lhe perguntando:

Você fuma, seu cabra de peia?

Ele: fumo sim mas posso deixar

Ali com o famoso rei do cangaço

Com ele assim cara a cara

Pensou que não ia escapar

Mesmo assim passou a rezar

Com esse bandido ele peitara

Se sentia mesmo um bagaço

Mas Lampião se compadeceu

Cuspiu no chão e se retirou

O homem ficou só olhando

E quase não acreditando

Então foi lá fora e espiou

O bando todo dali desapareceu

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 10/02/2021
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