FILOMENA E UM CASAMENTO QUE NEM COMEÇOU

Filomena era um moça acanhada

Que morava num interior distante

Nas brenhas, bem longe da cidade

Porém, ela com a sua pouca idade

Dava duro trabalhando bastante

E digo: nunca foi muito assanhada

O pai sempre foi  homem da roça

Única menina dos quatro filhos

Já muito tarde aprendeu a ler

E aprendeu o nome a escrever

Apesar de muitos empecilhos

É sempre calma, não se alvoroça

Acontece que num certo dia

Apareceu na região um rapaz

Que dessa menina moça gostou

Isso depois que com ela cruzou

Do pai dela tirou logo a paz

Prá ele acabou toda a alegria

Filomena ficou logo balançada

Pois sonhava um dia se casar

Entrar numa igreja de branco

Deixar essa vida de solavanco

E ter de tudo que ela precisar

Sendo uma eterna namorada

Enfim o camarada se chegou

E foi logo falar com o pai dela

Queria deixar tudo certinho

Pois se sentia muito sozinho

E agora que encontrou a donzela

Estava feliz, sua espera terminou

Namoraram por alguns meses

Ela agora com seus dezoito anos

E ele com o dobro dessa idade

Já comemorando sua felicidade

Foi logo fazendo os seus planos

Esse belo casal de camponeses

E o grande dia deles chegou enfim

Depois de curto período de noivado

Tudo foi preparado para a festa

De uma forma muito modesta

Aquele sonho logo seria efetivado

Assim que sua noiva dissesse sim

A festa transcorreu após o casório

Comes e bebes e muita animação

O brinde e depois o corte do bolo

Foi aí então que começou o rolo

Entrou uma mulher com afobação

O casamento parecia agora velório

A intrusa gritou esse homem é meu

Ele é casado e tem dois filhos

Disse pena que cheguei atrasada

A noiva, meu Deus, ficou arrasada

Se viu um trem saindo dos trilhos

Não chegou perto do que ocorreu

Parecia o diabo chegando do inferno

Enfurecida saiu quebrando tudo

O bolo foi o primeiro que sofreu

Acredite, dele ninguém mais comeu

O noivo parecia um surdo mudo

Nem viu quando rasgou o seu terno

Filomena enganada com a bigamia

Aperreou-se e caiu em prantos

Taças e copos foram quebrados

Os convidados todos revoltados

Gente chorando ali pelos cantos

Nesse momento o noivo então fugia

Filomena, coitada, já desmoralizada

Deixou tudo e prá sua casa correu

E os pais sem saber o que fazer

Desmanchou-se assim seu prazer

A vista escureceu, ficou um breu

Do seu pai com essa presepada

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 15/02/2021
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