A VIDA.
A vida não é tão ruim
Aprenda com o nordestino
Que se cair levanta
Luta desde menino
Trazendo força no sangue
Ele segue seu destino.
A luta pode ser árdua
Mas tem o seu valor
Preguiçoso só reclama
E corre pro exterior
Aqui se vive feliz
Seja estudado ou agricultor.
Sai passa tempo lá fora
Diz que conheceu o Japão
Mas vem pedir arrego
E um pouco de atenção
Diz que o povo lá fora
É frio e sem coração.
Quando num chega abestado
Falando língua estrangeira
Reúne amigos da vizinhança
E começa a dizer besteira
Achando que o povo é burro
Diz que atravessou a fronteira.
Tem aquele iludido
Se empolga com a riqueza
Sonha deixar o país
Até casar com francesa
Mas a vida é aqui
Com toda a nossa beleza.
Nordestino é artista
Tira a poesia do chão
Na viola canta um repente
E reunindo a multidão
O cordel é sangue na veia
Essa é a maior atração.
Quem abandona o nordeste
Nunca soube dar valor
Um dia vai se arrepender
Aqui se planta o amor
Nossa riqueza vai longe
Chega até o exterior.
No nordeste tem de tudo
Tem literatura de cordel
Escrito na ponta do lápis
E tem o grande coronel
Cada canto tem um artista
Que trabalha com pincel.
Quem quiser aprender
A cultura completa
Visita aqui o nordeste
Fala com um poeta
Ele pode não saber ler
Mas tudo que vê interpreta.
Aqui desde menino
Já se canta na feira
Declama um bom cordel
Passa a semana inteira
Acorda na madrugada
E nunca se vê canseira.
O povo quando se junta
É pra ouvir um cantador
Ele fala de Lampião
O chefe que tinha amor
Maldade ele só fazia
Quem ali causasse a dor.
Nordestino só acredita
No homem que for fiel
Desconfia até da sombra
Imagine um coronel
Que só fazia maldade
Virou versos de cordel.
Não tem coisa mais bonita
Que vê um aluno empolgado
Numa aula com o cordel
Ele fica interessado
Mas se é assunto chato
Ele fica desinteressado.
Então caro professor
Leve o cordel pra sala
Tudo se torna grandeza
Todo aluno se cala
Nunca deixe de ter
Um cordel em sua mala.
No nordeste é assim mesmo
Se a noite está fria
Se arma uma fogueira
E começa a cantoria
Mas se a noite esquenta
Vai desabrochar a poesia.
As noites aqui no nordeste
É o violeiro e a Lua
O povo fica em volta
Logo se enche a rua
Sai poesia no repente
É paixão nua e crua.
A noite fica pequena
Pra se ouvir o repente
Quem tá ali acompanha
Com um gole de aguardente
O poeta que é poeta
Tira a poesia da mente.
Quem nasce no nordeste
Aproveita bem o dia
A noite ainda vai farrear
Povo movido a folia
Traz na boca o gosto
De degustar a poesia.
Na vida eu posso dizer
Tenho tudo que eu queria
Uma família unida
Que só nos traz alegria
Assim eu posso dizer
Tudo nela vira poesia.
Todo nordestino gosta
De juntar muita gente
Domingo aquele churrasco
A cantoria vem de repente
O dia passa animado
Coisa boa reunir parente.
Autoria- Irá Rodrigues
Santo Estevão-Bahia
Brasil
http://ira-poesias.blogspot.com.br/