“PURO ENGANO”.

Eu pensei que era forte,

Mas descobri que sou fraco,

Que o tal bicho da seda,

Comia os pés do tabaco,

Se tem os dedos colados,

É da família dos patos.

Eu pensei que trinta dias,

Era enfim um mês completo,

E vinte e uma consoantes,

Era assim nosso alfabeto,

Se não foi com minha cara,

Não era meu desafeto.

Em pensei que toda chuva,

Causasse grande inundação,

Que pessoas fuxiqueiras,

Não se tornasse cristão,

E que a lata na goteira,

Não causasse irritação.

Eu pensei que só um trote,

Não causasse tanto estrago,

E que embolar a língua,

Fosse apenas para gagos,

E todos os mandingueiros,

Fosse chamado de magos.

Eu pensei que a fritura,

Não fizesse tanto mal,

Gambá não fosse mucura,

Que ataca no quintal,

Que o tal de guardanapo,

Fosse o mesmo avental.

Eu pensei que reumatismos,

Fossem doenças da idade,

E que esse tal fanatismo,

Não fosse ruim na verdade,

E que o linguajar estranho,

Fosse só com a mocidade.

Eu pensei que ter gordura,

Fosse um sinal de saúde,

Que nunca aqui tivesse,

Governos sem atitudes,

Que criação não morresse,

Com falta d’água no açude.

Eu pensei que só crianças,

Gostassem de pirulitos,

Que o cantar da saracura,

Não fosse tão esquisito,

E que fossa a céu aberto,

Gerasse pouco mosquito.

Eu pensei que a tal rotina,

Não fizesse as diferenças,

Mas descobri que a mesma,

Pra nada traz recompensa,

E que espalhar as noticias,

Fosse só coisa da imprensa.

Eu pesei que fossem órfãos,

Apenas quem perde os pais,

E que o ypso do alfabeto,

Fosse uma das vogais,

Que aquele que perde sono,

Não o recuperasse mais.

Eu pensei que o futebol,

Fosse esporte masculino,

Foi assim que eu aprendi,

Desde o tempo de menino,

Pois não é que me enganei,

Ele é também feminino.

Eu pensei que o caramujo,

Fosse o mesmo caracol,

Que qualquer peixe pegava,

Sem ter as iscas no anzol,

E que toda flor tivesse,

Coloração só no sol.

Eu pensei que puxa saco,

Tivesse só no trabalho,

Que a mais valiosa carta,

Fosse o rei no baralho,

Que o ataque do vampiro,

Se combatesse com alho.

Eu pensei que pesadelo,

Era sonho mal sonhado,

Que a dor de cotovelos,

Fosse coisa do passado,

Mas vejo muitos sofrendo,

Por esse mal atacados.

Eu pensei que a depressão,

Fosse então falta de Deus,

Mas descobri que profetas,

Desse mal também sofreu,

E o que não crer na bíblia,

Fossem meramente ateus.

Eu pensei que por amor,

Ninguém faria loucura,

Que coração com maldade,

Pudesse entrar a brandura,

E aquele que só faz o bem,

O mal não lhe traz torturas.

Eu pensei que era sábio,

Por ter fome por leitura,

Porem estava enganado,

Que a mentira sempre dura,

E que aboca sem dentes,

Não vai morder rapadura.

Eu pensei que era grande,

Mas descobri sou pequeno,

E que o pai do peixinho,

Nunca fosse achar Nemo,

Que no Pará as torcidas

A maior fosse à do Remo.

Eu pensei que o garantido,

Fosse aquele lindo boi azul,

E o grande boi caprichoso,

Fosse da cor de urucum,

Que na pequena Parintins,

Não existisse nenhum.

Eu pensei que Bolsonaro,

Fosse um bom presidente,

Mas isso foi puro engano,

Foi tudo então diferente,

Onde tudo era verdade,

Virou fake news somente.

Eu pensei que já tinha,

Visto tudo infelizmente,

Mas ainda tem muita coisa,

Pra acontecer realmente,

Só espero que o melhor,

Esteja pra nós à frente.

Eu pensei que jamais visse,

Tantas ações indecentes,

Que não dissesse palavrões,

Quando o cara é presidente,

Porém o que mais escuto,

São berros de incoerentes.

Eu pensei que a pandemia,

Não matasse tanta gente,

E que esse mal daninho,

Não levasse meu parente,

Mas foi apenas engano,

Aconteceu francamente.

Eu pensei que essa vida,

Logo voltaria ao normal,

Que o povo nem lembrasse,

Das festas de carnaval,

Que todos perante a lei,

Fossem realmente igual.

Eu pensei que pra prisão,

Só fossem quem é culpado,

Mas vi que têm inocentes,

Que passam tristes bocados,

E diante a lei dos homens,

Quem não deve é castigado.

Eu pensei nem ser capaz,

De escrever tantos versos,

Vendo que sou tão pequeno,

Adentrando esse universo,

Pra mim foi grande façanha,

Poder escrever confesso.

Cosme B Araujo.

19/01/2022.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 19/01/2022
Reeditado em 05/08/2023
Código do texto: T7432697
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