A VISITA DO MOURÃO AO INFERNO.

Logo após o Bolsonaro,

Chegou a vez de Mourão,

Que decidiu por sua conta,

Fazer uma visitinha ao cão,

Com esse texto, no entanto,

Quero mostrar tal encontro,

Contando com exatidão.

Esse tal general Mourão,

Todo metido a valente,

Um cabra mal encarado,

Perspicaz como serpente,

Se gabando da posição,

Elegeu-se em tal função,

Sendo o vice-presidente.

Certa noite esse general,

Em casa foi se deitar,

Depois de uma bebedeira,

De comemoração no ar,

Viu-se enquanto dormia,

A sonhar tantas heresias,

Difícil até pra contar.

O tal sonho começou,

Com uma longa viagem,

Toda feita a cavalo,

Em estranha carruagem,

Com a cavalgada veloz,

Que todos perderam a voz,

E se ausentou a coragem.

Tais cavalos percorreram,

Hum milhão de ano luz,

Em grande velocidade,

Que nem o cérebro deduz,

Como enorme ventania,

Que o Mourão se benzia,

Fazendo o sinal da cruz.

Depois de deixar a terra,

Distantes da atmosfera,

Ultrapassando cometas,

E mudanças de matéria,

Muitos dias viajando,

Pelo espaço cavalgando,

Muito distante é de vera.

Acordavam e dormiam,

E a viagem continuava,

Mas todos os tripulantes,

Nenhum deles reclamava,

Só tinha um incomodado,

Com os olhos arregalados,

Pra todo lado ele olhava.

E o tal general Mourão,

Desandou a questionar,

Que viajem mais comprida,

Já estou pra não aguentar,

Com suas pernas dormentes,

Já com ferrugem nos dentes,

Por dias sem se alimentar.

Até que em fim avistou,

Um local feito um deserto,

Uma enorme cascalheira,

Nenhuma árvore por perto,

Um dos cavalos assoprou,

E tal disparada cessou,

E Mourão ficou desperto.

Encostou tal carruagem,

Pra todos desembarcar,

Retiraram as bagagens,

Que a dias, estavam lá,

Por dentro de uma vala,

Cada um com a sua mala,

Puseram-se a caminhar.

Essa vala quem não sabe,

Era a porta de entrada,

Pra aquele lugar estranho,

De distante caminhada,

Cem centímetros de largura,

E trinta metros de altura,

Com paredes ensaboadas.

Com um fedor de enxofre,

Coberta por lama grossa,

Todos na tal caminhada,

Fedida como uma fossa,

A cada passo que davam,

E quanto mais avançavam,

Sentindo fedor de bosta.

O velho Mourão suava,

Pior que bode embarcado,

Porém como é durão,

Ficava sempre calado,

Porem em sua cachola,

Passar por essa historia,

Não foi algo planejado.

Chegaram ao fim da vala,

E começaram a descer,

Por tal imensa escada,

Que só vendo para crer,

Com apenas mil degraus,

Que as pernas do general,

Não cessavam de tremer.

Mourão olhava pra baixo,

Mas o fim não enxergava,

Quanto mais eles desciam,

Mas tal escada esticava,

Como tudo tem um fim,

Foi exatamente assim,

Pra vence a empreitada.

Lá no final dessa escada,

Um tal túnel começava,

E o velho general militar,

As duas pernas apalpava,

Todas estavam dormentes,

Suando a ranger os dentes,

Mourão nada conversava.

Era um túnel esquisito,

Com fraca luminosidade,

Tanta coisa horripilante,

Que faz tremer é verdade,

Então reclamou Mourão,

Que túnel comprido do cão,

É maior que a eternidade!

Alguém então lhe falou,

Calma, estamos chegando,

Logo então descansaremos,

E um bom banho tomamos,

Foi quando viram um clarão,

Gritou que alivio Mourão,

Pois até que enfim chegamos.

Foram então todos recebidos,

Com salvas de muita alegria,

Tinha até banda de musica,

Como o Mourão Merecia,

O levaram a uma banheira,

De água quente com cera,

Com isso a diabada sorria.

Mourão quando viu aquilo,

Sem saber que era quente,

Pulou dentro de uma vez,

Mas estranhou de repente,

Ao senti o couro ardendo,

Chorava se maldizendo,

Mereço coisa diferente.

Foi então que um cão falou,

Fique calmo meu general,

Aqui o tu irás receber,

Um tratamento sem igual,

Mesmo com sua patente,

Pode crer sinceramente,

Que todo aqui é normal.

Não tem nada exagerado,

Pois cada um tem um cartão,

E nesse estará detalhado,

Por ordem do anfitrião,

Quanto mais alta a patente,

Mas recebe a cera quente,

Sem roupa e nem camisão.

Logo o banho acabou,

E Mourão Já desmaiado,

O levaram para o quarto,

Que já estava reservado,

Quando o velho acordou,

Rolava no chão de dor,

Vendo o couro sapecado.

Com custo se levantou,

Sem saber onde estava,

Depressa acender a luz,

Que toda hora piscava,

Logo embaralhou a vista,

Diante o tal pisca, pisca,

Que sua visão embasava.

Ali pode passara noite,

Não dormiu nem um minuto,

Dolorido e todo quebrado,

Mas acendeu um charuto,

Dizendo tem algo errado,

Só posso está enganado,

Aqui o sistema é bruto.

Foi quando alguém chegou,

Gritando é hora da xêpa,

Já podemos ir general,

Neste Bufê do capeta,

Disse o chefe é enjoado,

Se o deixar contrariado,

Prova salgada receita.

Mourão não queria ir,

Estava todo acanhado,

O corpo todo ardendo,

E o couro inteiro tostado,

Nem podia vestir roupa,

Com a voz opaca e rouca,

Sentou-se quase obrigado.

A mesa estava completa,

De todo tipo de figura,

Principalmente políticos,

Que vão sem fazer frescura,

Tinham ali tantas iguarias,

Que as dores que sentia,

Passou diante as farturas.

Morão ali pode encontrar,

Muitos que nunca mais viu,

Uns por estarem na cadeia,

E outros que daqui sumiu,

Viu Maluf e Mário Covas,

Os dois com a cara nova,

Que o general até riu.

Tinha muitos advogados,

Juízes e até promotor,

Pois até o Celso Pita,

Por lá Mourão encontrou,

Tinha até um aleijado,

Que morreu afortunado,

Quando na mega acertou.

Estava Fernando Henrique,

Na cabeceira dessa mesa,

Tinha um tal de Severino,

Disse Mourão com certeza,

Tinha ali tantos políticos,

Em um pavilhão restrito,

Parecendo uma fortaleza.

Enquanto estavam à mesa,

Mourão pode ali dizer,

Eu vim aqui curioso,

Pra esse local conhecer,

Só espero obter sucesso,

Quero ver se o progresso,

Também chegou pra vocês.

Disse-lhe o cão sorridente,

O senhor vai se admirar,

Aqui não chega progresso,

Tudo é assim como está,

Aqui qualquer morador,

É para sempre devedor,

Jamais consegue pagar.

Todos pagam os impostos,

Quer seja rico ou pobre,

Quer tenham posses ou não,

Não há ralé e nem nobres,

Pois aqui pisam miudinho,

Se não pagar coitadinho,

Troca seu couro por cobre.

Pois vi falar que no Brasil,

Os ricos não pagam impostos,

Eles dão sempre um jeitinho,

Pra sempre encher o bolso,

O fraco é que paga o pato,

Tão sem cachorro no mato,

Sentando em pepino grosso.

Mas aqui é bem diferente,

Todo mundo me obedece,

Se pisarem fora dos trilhos,

O seu couro é quem padece,

Vão dormir de couro quente,

Perdem as unhas e os dentes,

Nem adianta fazer prece.

Logo depois do banquete,

O chefe do cão convidou,

Para darem um passeio,

Não é que Mourão topou!

Disse o tal guia excelência,

Conheça as dependência,

E o escritório do senhor.

Começaram tal passeio,

Por um grande pavilhão,

Todo pintado de preto,

Mas escuro que o cão,

Esse barracão comprido,

Era em boxes dividido,

Como as celas da prisão.

Em cada apartamento,

Tinha o nome do autor,

Mourão vendo tudo isso,

Como espanto observou,

Depois dessa tal vistoria,

Passaram a outra galeria,

Que muito o impressionou.

Lá tinha uma grande placa,

Com letreiros coloridos,

Dando ali as boas vindas,

Pra todos desconhecidos,

Um condomínio na frente,

Mansão só pra presidentes,

Num vale bem escondido.

Chegaram a tal condo mínio,

Acharam-se num senário,

Onde muitas fotografias,

Um tremendo relicário,

Com tantos desconhecidos,

Mourão ficou entretido,

Quase perdeu o horário.

Conheceram de pertinho,

As mamaras de tortura,

Onde se curavam as chagas,

Dos monstros da ditadura,

As forcas para os generais,

Projetadas por satanás,

Fustigar as tais figuras.

Nessa hora O general,

Ficou mudo e sem ação,

Suando frio se tremendo,

Ficava esfregando as mãos,

Pois admirou ao tal guia,

Que grande algazarra fazia,

Vendo a cara de Mourão.

Disse o senhor fique frio,

Que aqui também tem lugar,

Pra todos os mentirosos,

Que lá não se concertar,

Se esse tem sido seu mal,

Não se esqueça general,

Pois também virá pra cá.

Está vendo aquele prédio?

Nas cores de maracujá,

Sem janelas e sem lâmpadas,

Que ninguém quer ir pra lá,

É cheio de vidro quebrado,

Pra deixa-los mutilados,

Aos que ali forem habitar.

Ali ficam todos covardes,

Ladrões e estupradores,

Criminosos em espécies,

Também os caluniadores,

E os pastores mercenários,

Os jogadores de baralho,

Nisso passou uma turma,

Com as costas lapeadas,

Uma enorme multidão,

Em gemedeira danada,

Ali o guia foi dizendo,

Esses que estão se batendo,

São os que nunca fizeram nada.

Ali estão os homofônicos,

Que se julgam superiores,

E que hostilizam os fracos,

Por não possuírem penhores,

Todos os preconceituosos,

Machistas e infectuosos,

Toda classe de opressores.

Também estão nesse bando,

Quem mente pra se dar bem,

Que usurpa pela ganancia,

Tirando de quem não tem,

Com tais cargas tributárias,

Mesmo sem ser necessária,

Paga tudo aqui meu bem.

Disse ele o meu amigo,

Aqui manda a lei do cão,

Não temos dó de ninguém,

Não tem pobre ou tubarão,

Pois aqui na lei do diabo,

O preço é muito salgado,

Paga tudo sem perdão.

Está vendo aquela turma,

Gritando no formigueiro,

São os tais que ali na terra,

Davam o jeitinho brasileiro,

E em tudo se davam bem,

Aqui a herança que tem,

É sofrer o tempo inteiro.

Olhando pro outro lado,

Viram uma turma de branco,

Logo mourão perguntou,

Quem são estes ali no canto?

Disse-lhe o cão sem piscar,

Esses quando estavam lá,

Mentiam dizendo-se santos.

Chegaram a ultima ala,

Ainda estava em construção,

Essa enfim a mais extensa,

Toda sem muro ou portão,

Milhares de apartamentos,

Pessoas de todos os tempos,

Tendo assim o seu quinhão.

Chegando enfim da visita,

Já se avançavam as horas,

Que Mourão louco pra sair,

Daquele lugar sem demora,

Disse-lhe o cão perna manca,

Vamos dar-lhe de lembrança,

Algo pra que vá embora.

Disse ele o tal presente,

É pra o senhor se lembrar,

Que aqui na nossa pátria,

Precisam se comportar,

Aqui não tem seu fulano,

Passou do limite meu mano,

Ganha algo pra levar.

Então pegaram o general,

Amarraram pés e mãos,

Colocaram dos carrascos,

Com chicotes em posição,

Prenderam-no num tronco,

Rodaram até ficar tonto,

Preso num grande cambão.

E nessa hora os carrascos,

Começaram ali açoitar,

O tal general Mourão,

Que era de se arrepiar,

Assim cada chibatada,

Dadas de forma cruzadas,

Faziam o velhote berrar.

Mais ou menos duas horas,

Só de peia sem parar,

Que os cabras do chicote,

Bateram até se cansar,

Que Mourão ficou moído,

Todo amassado e ferido,

Quase morto de apanhar.

Depois dessa grande solva,

Levaram Mourão pra dentro,

Lá esquentaram uma chapa,

Pra estancar o sangramento,

Que o coitado se contorcia,

Credo em cruz ave Maria,

Nesse grande sofrimento.

Ataram as suas costas,

Com uma palha de aço,

Cobrindo os ferimentos,

De suas pernas e braços.

Levaram pra carruagem,

E a seguinte mensagem,

Leve assim nosso abraço.

Nesse instante o relógio,

Do general despertou,

Que ele todo assombrado,

Que aquele bom dia gritou,

Acordou todo molhado,

Com o calção ensopado,

Das fezes que se borrou.

Ai que alivio ele disse,

Mas que sufoco eu passei,

Com esse sonho esquisito,

Que eu nunca imaginei,

Mas deixe está tudo bem

Não vou contar a ninguém,

Nada disso que eu sonhei.

Quero que fique comigo,

Como uma grande lição,

Por grande que você seja,

Não dá para ser machão,

Pois aqui tudo é bonito,

Mas tudo fica esquisito,

Se cair nas mãos do Cão.

Já aprendi que não posso,

A mais ninguém hostilizar,

Pois todos nós somos iguais,

Nem quero questionar,

Vejo a coisa de outro jeito,

O cara tem que ter peito,

Pra o diabo enfrentar.

Esse passeio ao inferno,

Serviu-me pra refleti,

Que essa vida que vivemos,

Tem que se resolver aqui,

Agora tenho consciência,

O que pratica imprudência,

Lá sofre mais que aqui.

Pois posição ou patente,

Só tem valor nessa terra,

Morreu então acabou-se,

O nosso ciclo se encerra,

Não se muda o resultado,

De tudo que foi passado,

O imprudente se ferra.

Vivendo aqui nesse mundo,

Cada um faz o que bem quer,

Embora Deus comandando,

Não dar palpite e nem quer,

Deixou-nos com a liberdade,

Pra fazer bem ou maldade,

Ser um incrédulo ou ter fé.

Com esse sonho esquisito,

Muito me fez aprender,

Que fomos feito do pó,

E pra pó vamos descer,

Aproveite essa estadia,

Pois na outra moradia,

Não dá pra se arrepender.

Com mais uma ficção,

E muito bem humorado,

Divirto-me a escrever,

Esse sonho engraçado,

Eu vou por aqui ficando,

E desde já planejando,

Outro texto bem bolado.

Escrevo com brincadeiras,

Mas no fundo há verdades,

E ao passar pro outro lado,

Cessou as suas atividades,

Chamam-me de inteligente,

Quem ler dirá certamente,

Que esse texto é raridade.

Cosme B Araujo.

25/01/2022.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 25/01/2022
Código do texto: T7437081
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