A SINA DE CACHACEIRO.

Venho aqui mais uma vez,

Pra contar do cachaceiro,

Que chamam de pé de cana,

Por este chão brasileiro,

O sujeito é bem manhoso,

Costuma a ser mais seboso,

Do que pau de galinheiro.

Sabemos que o cachaceiro,

Parece que cumprir a sina,

De viver perambulante,

Por cada rua ou esquinas,

Torna-se perito em cuspir,

Faz doutorado em mentir,

E a cachaça o ilumina.

Sendo o cara cachaceiro,

Ele só pensa em bebida,

Não há dinheiro que chega,

Pra sustenta-lo em tal vida,

Leva tombo não se emenda,

Consome logo sua renda,

Gasta tudo sem medidas.

Pra o amigo cachaceiro,

Nunca conte seus segredos,

Por que quando o cara bebe,

Falar bobagem é seu enredo,

Ao beber rir de contente,

Dá com a língua nos dentes,

Vai contar tudo sem medo.

Por um copo de cachaça,

Ele faz qualquer sacrifício,

Seu dinheiro vira fumaça,

Só pra sustentar o vicio,

Faz ali qualquer negocio,

Logo arranja tantos sócios,

Na vida dos desperdícios.

Pronto pra beber cachaça,

Está ele a qualquer dia,

Não tem hora pra beber,

Pra cumprir sua estadia,

Vai levando tudo a eito,

Eufórico a bater no peito,

Sou macho sem covardia.

Eu bebo é porque gosto,

Ninguém tem nada com isso,

Pra degustar a branquinha,

É o seu maior compromisso,

Pode o suor está pingando,

Que ele está nem ligando,

Diz logo eu nasci pra isso.

Para o cabra cachaceiro,

Marca alguma lhe importa,

Pode está triste e cansado,

Que a cachaça lhe conforta,

Vive tranquilo e sossegado,

Todo sujo e os pés inchados,

A pedir de porta em porta.

Movido pela branquinha,

O cara tem ene maneiras,

Tem uns que ficam valentes,

Falando muitas asneiras,

É um siri dentro de uma lata,

Só quando cai na chibata,

Cessam de falar besteiras.

Já outros ficam risonhos,

Todo cheio de palhaçadas,

Desandando a fazer graças,

Para os sãos darem risadas,

E quando a danada pega,

Sai tombando da bodega,

Pra ir dormir nas calçadas.

Tem até quem fica rico,

Industrial e fazendeiro,

É só se encherem do mé,

Que diz ter muito dinheiro,

Mofinos viram corajosos,

Calados ficam teimosos,

Acanhados ficam faceiros.

E alguns ficam vermelhos,

Igual camarão capado,

Passa a beber o dia inteiro,

Faz assim mesmo fiado,

Que o dono do boteco,

Se não se fizer esperto,

Vai chorar com o resultado.

O sujeito com a cachaça,

Fica esperto e letrado,

Tem linguagem refinada,

Vira até um advogado,

Entende de todo assunto,

Desenterra até defunto,

De tantas vidas passadas.

A cachaça faz milagres,

Que me deixa abestalhado,

Pois o sujeito embebecido,

É em tudo bem informado,

Pequenos ficam gigantes,

Mesmo sendo itinerante,

A ninguém é comparado.

Pra o cachaceiro de oficio,

Todos os dias são iguais,

Pois de domingo a segunda,

São inteiramente triviais,

E se juntar-se com a galera,

Pode esquecer que já era,

Não sai dali nunca mais.

O individuo cachaceiro,

Não escolhe o que beber,

Seja cerveja ou conhaque,

Bota enfim pra derreter,

Às vezes em devaneios,

Bebe até óleo de freio,

Só pra ver a boca arder.

Pois a cachaça é a mãe,

Até de doenças hepáticas,

Que afeta o metabolismo,

Do que vive nessa pratica,

Que encravado na bebida,

Acaba perdendo a vida,

De forma simples e barata.

Pois conheço tanta gente,

Nesse vicio se acabando,

Deixando mulher e filhos,

Para viver mendigando,

Dormindo pelas sarjetas,

Como uma amarga receita,

De viver perambulando.

Assim deixo um conselho,

Para todos os cachaceiros,

Que moram no meu país,

E todos do mundo inteiro,

Deixe esse vicio meu amigo,

Para não correr o perigo,

De sorver tal pesadelo.

Cosme B Araujo.

12/02/2022.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 12/02/2022
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