O Véi Bisouro

Um cordel para lembrar de seu Izaurino Geraldino dos Santos

Era uma vez um jardim,

repleto de muitas flores,

cada uma em sua essência,

todas elas multicores,

e quão repleto de vida

tal qual longevos senhores.

Esse jardim foi criado

por Deus Pai, nosso Senhor,

que nele pôs de um tudo

em prova de seu amor,

para servir ao Vivente,

mesmo imerecedor.

Aqui com esta missiva,

quero homenagear,

um senhor, seu Izaurino,

que há muitos fez se encantar,

nascido em São Mateus,

Linhares veio habitar.

Izaurino ainda era moço,

quando trocou de cidade,

e ao chegar montou sua venda,

seu trabalho em verdade,

dali tirando o sustento

vivendo em felicidade.

Este senhor, muito alegre,

no Interlagos vivia.

Foi um vendêro jeitoso

e de boa freguesia,

sendo pai de 12 filhos,

cada um com sua valia.

Conta as lendas da família,

não sei se bem é verdade,

que a esposa escondido

aos filhos fazia bondade,

pois as mão do véi num abria,

pensando em prosperidade.

Izaurino era festeiro,

da sanfona um tocador,

em sua venda era festa

e dava até suador,

no povo que ali dançava

regado a cana e licor.

Seu Izaurino obteve,

da família um outro nome,

passou a ser conhecido

por Bisouro, em codinome,

imagine as gargalhadas

de doer o abdome!

O véi Bisouro gostava

de bater um dominó,

e na mesa de sua venda

dava surra e sem dó,

em jogador desatento,

de short ou de paletó.

Certa vez, o véi Bisouro,

numa motoca aprumada,

percorreu quase 10 léguas

sem desgrudar da rabada,

mas essa história não creio!

Talvez foi ela inventada.

Eu deixo aqui em resumo

os anos de uma vida,

que chega aos 93

a hora de sua partida,

do Izaurino, o Bisouro

de história bem conhecida.

Santana, Silvio S. – Vidal, 26/08/2022

A pedido de um neto do véi Bisouro, escrevi umas mal traçadas linhas, de última hora. Mas quero registrar aos leitores: quisera ter batido um papo com ele.