Cordel da rapadura

Rapadura é raspa dura.

Açúcar preso no tacho.

Doçura que vem em riacho.

Doce que não mela: dura.

Comida nutridora e pura.

Esse tijolo é uma delícia.

Feito com tanta simplícia.

Cana, moagem e fervura.

Moldagem; fiel estrutura.

Na alma até faz carícia.

A cana não é queimada;

Para não alterar o sabor.

Desse açúcar primor.

Pelo Brasil foi adotada.

Ilhas canárias: importada.

Esse tijolo é uma delícia.

Feito com tanta simplícia.

Lá pelo século dezessete

No Nordeste inda é vedete.

Na alma até faz carícia.

Uma merenda na escola.

E de muitos trabalhadores.

Vinda também dos Açores;

Transportada em sacola;

Até mesmo junto à viola.

Esse tijolo é uma delícia.

Feito com tanta simplícia.

Fabricada em engenho.

Zelo e desempenho.

Pois na alma faz carícia.

Para a produção de classe,

O caldo da cana é especial,

Deve manter-se natural.

Impureza é um impasse.

Com a decantação, enlace.

Esse tijolo é uma delícia.

Feito com tanta simplícia.

Tacheiro e sua experiência

Da cana extrai a essência.

Que na alma faz carícia.

Existe o ponto acertado.

Associado ao cozimento.

É quase um sentimento.

Se há tempo ultrapassado,

Em açúcar é transformado.

Esse tijolo é uma delícia.

Feito com tanta simplícia.

É complexa a produção.

Exige certa concentração.

Na alma até faz carícia.

Depois dessa apuração;

É batido todo o melado.

Para o ponto açucarado.

Na forma, estruturação.

Secagem e desenformação.

Esse tijolo é uma delícia.

Feito com tanta simplícia.

Depois: embalagem final.

E tudo é muito artesanal.

Que na alma faz carícia.

“Rapadura é doce

Mas não é mole, não! ”

É que já caiu em falação,

Como se afirmação fosse,

Bem longe do agridoce.

Esse tijolo é uma delícia.

Feito com tanta simplícia.

Hoje: sabores variados

Formatos diversificados.

Na alma até faz carícia.

Há versões saborizadas,

Leite em pó e gergelim,

Côco, jaca e amendoim,

Leite em pó e goiabadas,

Tangerina e as queijadas.

Esse tijolo é uma delícia.

Feito com tanta simplícia.

Produção: América latina.

É famosa essa menina!

Que na alma faz carícia.

Recebe título diferente.

Em cada canto: um nome,

E todo mundo a come,

Ainda é surpreendente.

Está um passo à frente.

Esse tijolo é uma delícia.

Feito com tanta simplícia

Índia é maior fabricante.

Eita, docinho importante!

Na alma até faz carícia

Foi alimento cangaceiro.

Uma cultura nordestina.

Na mesa sempre rotina.

Influência no financeiro.

Um invento bem certeiro.

Esse tijolo é uma delícia.

Feito com tanta simplícia

Tem museu e sua história.

Utensílios e trajetória.

Na alma até faz carícia.

Rapadura: medicamento.

Em nutriente é milionário;

Produto extraordinário;

Alemão quis o invento,

Registro num documento.

Desse tijolo que é delícia.

Feito com tanta simplícia.

A justiça tirou a proteção.

Exclusividade do coração.

Pois na alma faz carícia.

Então nos diz um CENSO.

Ceará é o maior produtor;

Minas Gerais a todo vapor.

Quer saber o que eu penso:

Todo comentário dispenso

Esse tijolo é uma delícia.

Feito com tanta simplícia.

Qualquer que seja o seu look.

Quiçá no Guinness Book.

Na minha alma faz carícia.

Uberlândia MG

Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 29/11/2022
Reeditado em 29/11/2022
Código do texto: T7660704
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