Dedicatória à Dona Geralda Ana
Minha avó contava história
Com bonecas que tecia.
Ao pé do fogão à brasa
Ela, à gente ensinava
As lendas da alforria.
Contava histórias de fadas
Libertava a nossa alma
Que voava sem ter asas
Naquela cantiga em prosa
Que ela sempre improvisava.
Minha vó, minha rainha,
Parteira da região
Trazia bebês ao mundo
Com luvas de estimação.
E as rezas de todo povo
Que a Geralda cuidou
Daquelas mulher parida
Que ela muito ajudou
Subiram todas ao céu
Quando ela se finou...
Minha avó, minha rainha
De tudo, o que ficou
Foi só a sua bondade
Sua arte, sua sina
De ser mulher corajosa
Parideira e valente.
Naquela querência
Aonde a gente viveu
Minha avó até garrucha
Aprendeu a manejar
Sem nunca a ninguém matar...
Porque até os jagunço
Se ajoelhava a rezar
Por aquela bença de Mãe
Que foi Ana, a Geralda!
No lombo de um cavalo
Indo acudir as criança
Nascidas lá nas barrancas
do Paraná.
Trago dentro de mim
As memórias dessa avó
Que vivendo me ensinou
O valor que a vida tem!
Era poeta sem nunca ter versejado
E rainha coroada e admirada
Na lida dura da vida
A danada teve o dom
De palmilhar o caminho
Sem cansaço
Sem descanso
Todo tempo em que viveu.
Dela guardo segredos
Que são só meus!
Dela é o meu nome
O primeiro que meu pai
Me deu.
Faço a minha homenagem
Como singela oração
À Dona Geralda Ana
Com desvelo e unção!
Eni Gonçalves
17/10/2022
À todas as mulheres corajosas, desbravadoras do Paraná!