Doce sonho

I

Um menino teve um sonho.

O mais doce que conheço.

Vou começar do começo:

Ele acordou bem risonho.

Perguntei: feliz? Suponho!

Num pinote disse sim.

Vou contar; início e fim:

Sonhei com uma semente,

bem graúda e diferente.

Sorriu e acenou pra mim.

II

Balancei minha cachola.

Jesus, que coisa mais louca!

Tapei logo a minha boca.

Vem, me tire da sacola!

No seio do chão me atola,

quero morar no canteiro!

Mas eu quis saber primeiro:

Por que logo eu faria isso?

Se você for um feitiço!?

Até mesmo um espinheiro?

III

Ela deu uma gargalhada.

E me disse toda acesa:

Vai se amarrar na surpresa!

Da sacola foi tirada.

Em seguida foi plantada.

Num minuto ela nasceu,

toda robusta se ergueu.

Uma copa enorme fez,

muito menos que um mês.

Logo, logo floresceu.

IV

E fiquei boquiaberto,

Foi quando olhei de repente.

Quase fundi minha mente.

O galho todo coberto.

juntinho, muito perto.

Pasme: brigadeiro; o fruto.

Achei esse sonho tão bruto.

Aquelas coisas pretinhas.

De longe; feito bolinhas.

Acordei, mas fiquei puto!

V

Mesmo assim estou feliz!

Vou caçar outra semente.

O planeta está tão quente.

Sonhos: na alma é motriz.

O mundo está por um triz.

Que seja mesmo coqueiro.

talvez um cedro ou cajueiro.

De sonhos estou inspirado

Ver todo solo plantado;

mas penso no brigadeiro.

Uberlândia MG

Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 23/04/2023
Código do texto: T7771211
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.