Repúdio

I

E se encontram pela rua.

No canto da boca; o riso.

Tudo já é paraíso.

Meio dia já tem lua.

A alma fica toda nua.

Há um brilho tão perfeito.

Um batuque pelo peito.

As flores são mais bonitas.

As emoções são negritas.

Se compreende o respeito.

II

Com o tempo tudo muda.

Carinho não mais existe.

O toque se torna riste.

A tristeza chega aguda.

Não aceita ou pede ajuda.

Todo brilho foi desfeito.

Só há pontada no peito.

E perde-se toda a graça.

Não chega nem na vidraça.

Despedaçado o respeito.

III

Agora não vai à rua.

Foi assassinado o sorriso.

Só choro é improvido.

Desbotada toda a lua.

Arde o peito e a carne crua.

Escuridão se faz leito.

Amaldiçoa o sujeito.

Dia todo na cachaça;

Noutro flerte, noutra taça.

Morre de vez o respeito.

IV

Não bastasse, é culpada.

Ele não queria o filho.

Vira trem fora do trilho.

Com palavras, maltratada.

Em seguida, na porrada.

Ele não tem o direito.

É, isso não mais aceito.

Mas ela é impedida.

Ateia fogo; extrai a vida.

Da justiça, só suspeito.

Uberlândia MG

Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 26/04/2023
Reeditado em 26/04/2023
Código do texto: T7773233
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