Vi a madrugada em agonia parindo um belo amanhecer

Bocejava a lua sonolenta
Avistando o sol que despertava
Num ainda inocente raiar
Dele uma fraca luz emanava
À guisa de acordar o alvorecer
O último resquício noturno se ia
Vi a madrugada em agonia
Parindo um belo amanhecer

Pássaros alvoroçavam-se nos ninhos
Começando um concerto matinal
Beija-flores osculavam alegremente
Embelezando dos jardins o roseiral
Espalhando no ar o seu prazer
Sob o lânguido olhar da cotovia
Vi a madrugada em agonia
Parindo um belo amanhecer

Um frêmito de gozo percebi
No farfalhar das folhas ao vento
E no ciciar dos galhos entrelaçados
Perturbando o bacurau sonolento
Que se aninhava querendo adormecer
Mas o renovar da vida não entendia
Vi a madrugada em agonia
Parindo um belo amanhecer

O céu, antes escuro, agora azulava
As nuvens embranqueciam sua cor
A linha horizontal já se mostrava
As pradarias exalavam seu olor
Extasiado nesse doce embevecer
Ouvi o gado ao longe que mugia
Vi a madrugada em agonia
Parindo um belo amanhecer

Se fora a noite estrelada
Seu brilho agora arrefeceu
Há só resquício do seu esplendor
O ontem está nos braços de Morfeu
E o hoje começa a acontecer
No brotar a explosão do novo dia
Vi a madrugada em agonia
Parindo um belo amanhecer

No sertão, porém, já era manhã
Bem antes do sol se mostrar
A gente simples envolvida no labor
E a cidade muito longe de acordar
Mas quando começava a esmorecer
A noite que em pouco morria
Vi a madrugada em agonia
Parindo um belo amanhecer
Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 18/12/2007
Reeditado em 30/08/2008
Código do texto: T782764
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