Cordel-- Mistério! Quem matou feféu?

Mistério! Quem matou fêfêu e fred?

Por Airam Ribeiro

(setilha)

Na rua onde eu moro

Mora também uma senhora

Que gosta de criar gatos

Animais que ela adora,

Até lhes botam nomes

Só que os deixam com fome.

É o que vos relato agora.

Os vizinhos coitados!

Não acham isso normal

Os gatos andam invadindo

E cagando no quintal,

Às vezes no corredor

Que caatinga, que fedor!

Tem as bostas do animal.

Tem também nessa rua

E que gosta de criar

O morador Cangussú

Que criam pra ver cantar,

Mas sua gaiola certo dia

Apareceu bem vazia

Os pássaros não estavam lá.

Desse dia em diante

Começou aparecer

Gatos mortos na rua

Que danavam a feder,

Maria até bronqueava

E até praga jogava

Dessas brabas de doer.

No meio dos gatos tinha

Um que não era meu

Um gato muito bonito

Que atendia por fefeu,

Durante a noite e o dia

Só escutava Maria

A chamar pelo gato seu.

Com a voz muito mansa

Chamava, fêfêu, fêfêu!

Venha aqui meu gatinho

Onde você se escondeu?

Certo dia meu irmão!

Os seus gritos foram em vão

Pois fefeu não apareceu.

Naquele dia de manhã

Quando fui acordar

Abri o meu portão

E vi na hora H,

O visinho botando o gato

Morto dentro do saco

Que eu fiquei a olhar.

Ele descendo a ladeira

Com o saco com o gato dentro

Porém ele não me viu

Pois escondi no momento,

Ele pensa que eu não vi

Não sou fofoqueiro e daí!

Na história é que comento.

O criador de pássaros

Às vezes passava e sorria

A mulher nem desconfiava

Quem fez aquela covardia,

Ele com sua vingança

Não lhe dava esperança

Matava um gato por dia.

Às vezes ele negava

Até falava que era eu

O causador da morte

Do gato de nome fêfêu,

Nunca vi morte assim

Perece que era chumbin

Com carne que ele comeu.

O mesmo vizinho de cima

Um dia argumentou

Que não estava agüentando

De sentir tanto fedor,

Eu até desconfiei

Nunca a ninguém contei

Quem estas mortes causou.

Nas noites de lua cheia

É uma latumia danada,

Das gatas que está no cio

Miando as madrugadas,

Às vezes até dou razão

Quem mata essa criação

Que caga pelas estradas.

Um dia o meu vizinho

Jogou água no gato nino

E pelo andar da carruagem

Estou até pressentindo.

Se perturbar é seu defeito

Acho que não teve outro jeito

De a morte ser seu destino.

O gato Fred foi outro

Que perturbou demais

Cagou, mijou e sujou...

Quase todos os quintais.

Seu fôlego de sete gatos

Com isso virou boato

Cagar aqui não vem mais.

Eu pra não matar gatos

Passei logo a criar

Um cachorrinho pequeno

Só pra poder afastar,

Quando está no escuro

Eles vão pelos muros

Só em ver pingo rosnar.

Pingo é o meu cachorro

Um pequeno animal,

Muito querido na rua

É quem manda quintal,

Quando os gatos de Maria

Aparece a qualquer dia

Com pingo eles passam mal.

Aqui pra vocês eu falo

É um segredo pra xuxú,

Penso que quem os matou

Foi um tal de cangussú,

Que com a raiva fatal

Matou aquele animal

Pra ser comida de urubu.

Ele tinha um conchavo

Com meu vizinho da hora

Cangussú matava os gatos

O vizinho jogava fora,

Ele quando vê um gato

A morte vem como fato

Pra horror daquela senhora.

Mas ainda tenho dúvida

Neste fato verdadeiro

Pois também na mesma rua

Tem Mulinha o pedreiro,

Que falava desses gatos

Isso aí não é boato

Pois é fato corriqueiro.

Sempre dizia pra mim

Que os gatos lhe perturbavam

Que subia no telhado

E suas telhas quebravam,

Até a carne sumia

No lugar onde escondia

Porque eles farejavam.

Outro dia num bate papo

Com o amigo Zé Bandinha

Ele a mim desabafou

Juntamente com Sizinha,

Que em seu forro apareceu

Uma gata que escondeu

E pariu quatro gatinhas.

Aí me falou o Zé

Que não ia agüentar

Das caatingas que os gatos

Deixam logo ao cagar,

E pelo jeito que falou

Parece que até programou

A hora de os gatos matar.

Aí pensei, danou-se!

A lista ta aumentando

Agora já tem o Zé

De quem já tô suspeitando,

Nessa mesma ocasião

Sei que a investigação

Parece que ta esquentando.

Será se é conchavo

Deles pra me atrapalhar!

O Cangussú e o vizinho

Não querem se incriminar,

O pedreiro é irmão de Sizinha

Que é mulher de Zé Bandinha

É mais mistério no ar!

Zé Bandinha ta na dança

Vai ser duro pra xuxú

Descobrir quem é o matador

Que ta dando um mandú,

Mas vou apurar os fatos

Meu vizinho é um dos quatro

Com o pedreiro e o Cangussú.

Descobrir o matador

Dos gatos da minha rua

Isso é para detetive

É a verdade nua e crua

É um caso de polícia

Tem que ter muita malícia

Pra descobrir a falcatrua.

Enquanto não descobre

E pra não culpar ninguém

Eu vou acordar mais cedo

Não vou contar pra ninguém

Espero que fique aqui

Mas ainda vou descobrir

Esse mistério em Itanhem.

Em mim ninguém mete a língua

Porque dessa culpa não morro,

Ainda mais que meu quintal

Tem o pingo meu cachorro

Sou teimoso vou descobrir

Muita coisa ta por vir

Pois dessa luta não corro.

A noite ouço vozes

Não é pressagio meu,

Atormenta-me a noite toda

Téia nunca percebeu;

Uma voz cheia de agonia

Parecendo a de Maria

Chamando por seu fêfêu.

Fêfêu, fêfêu, fêfêu

Onde você se escondeu?

Fred, venha fredinho

Onde ta você meu gatinho?

Nino, nino, ou nino

Cadê você menino?

Ela vai enlouquecer

De tanto os procurar

Mas aviso para os quatros

Que a teima dela é de daná.

Com essa pirraça sua

Vêm mais gatos para a rua

Pra eles mandarem matar.

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Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 21/12/2007
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