Nunca mais...

O planeta se desconfigurou.

Mudou-se o curso do rio.

Não há mais inverno frio.

Fruto não mais madurou.

A usina logo o inventou.

Industrializado dá em cacho.

Nunca vi tanto esculacho.

Ser humano é tão estranho.

Logro de jeito tamanho.

Tempestade motiva o terror.

Derrubada: o extremo calor.

Culpada? A água do meu banho.

As árvores tombadas sem dó.

E O dinheiro vai para a conta.

Aqui e acolá sempre apronta.

Bate no peito, apenas gogó.

Em bandos e nunca só.

Joga lata pela janela do carro.

No mato, a bituca do cigarro.

Ser humano é tão estranho.

Logro de jeito tamanho.

Lixo faz a nascente morrer.

Entulho não a deixa escorrer,

Culpada? A água do meu banho.

Fumaça; nunca teve freio.

Flor quase nasce de plástico.

O ser se achando fodástico,

Mesmo cometendo algo feio.

Puro; que se foda o alheio.

Combustão e o efeito estufa.

Não se importando bulhufas.

Ser humano é tão estranho.

Logro de jeito tamanho.

Chuva forte e sua acidez.

Alagamento com rapidez.

Culpada? A água do meu banho.

É tanta coisinha e buraco

Isso ainda é muito pouco.

O ser cada dia mais louco.

Casa fresca versos barraco.

Arrebenta o lado fraco.

Agrotóxico infecta solo e ar.

A água ingerida pode matar.

Ser humano é tão estranho.

Logro de jeito tamanho.

É que o mal já foi causado.

Desde sempre tão errado.

Culpada? A água do meu banho.

Uberlândia MG

Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 29/09/2023
Reeditado em 29/09/2023
Código do texto: T7897001
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.